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'Nos EUA, se você se chama Muhammad, é uma fonte de terrorismo'
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ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK
A situação dos imigrantes na Nova York após o 11 de Setembro tem piorado recentemente, mas ainda assim é melhor que no restante dos Estados Unidos, segundo especialistas que têm contato com diversas comunidades.
"Comparando com as cidades do meio-oeste [região que inclui Estados como Nebraska e Wisconsin], nós estamos muito mais confortáveis aqui", diz o palestino Ahmad Jaber, presidente da Associação Árabe-Americana de Nova York.
Por confortável, explica Jaber, entenda-se que há mais aceitação e entendimento na cidade e menos discriminação e violência.
Ainda que diga que Nova York, pela sua diversidade, não represente os EUA ("é como se fosse as Nações Unidas"), o dirigente ressalta que a situação para a comunidade muçulmana piorou na cidade nos últimos dois anos, depois de um período anterior de melhora nas relações.
Para ele, a explicação é política, com os republicanos usando o islã como "bode expiatório".
"Eles passaram a atacar o islã como inimigo para derrotar os democratas."
A consequência, diz Jaber, é que as pessoas não são mais tão próximas, tomam mais cuidado com o que dizem e fazem, se tornaram mais desconfiadas.
Segundo ele, dez anos depois dos ataques, o governo continua a considerar que, "se você se chama Muhammad ou Yusef, é uma fonte potencial de terrorismo".
A nova-iorquina Marcia Kannry, presidente do Dialogue Project (organização que visa auxiliar na integração do imigrante), também ressalta a diferença da cidade em relação ao resto dos EUA, mas diz que há um forte ressentimento contra o estrangeiro, especialmente o trabalhador ilegal.
De acordo com ela, uma das mudanças que houve após o 11 de Setembro é que muito do preconceito ficou mais escondido.
"Eu conheço uma mulher de um bairro que é tradicionalmente formado por italianos, noruegueses e irlandeses e que disse que saiu de lá porque o lugar decaiu depois que 'eles' chegaram. Eu perguntava quem eram 'eles', e ela confundia árabes com muçulmanos. Ela era claramente uma racista."
Já o rabino Serge Lippe, da sinagoga Brooklyn Heights (que tem um trabalho conjunto com a comunidade islâmica), acha que, nos últimos dez anos, os moradores de Nova York passaram a dar maior valor para a diversidade cultural.
Ele afirma que, ainda que o conhecimento delas não seja muito, as pessoas estão mais abertas a perguntar e mais interessadas em conhecer sobre diferentes culturas. "Estão menos indiferentes", afirma.
CENSO
O Censo americano não permite concluir se houve um crescimento da comunidade árabe em Nova York nos últimos anos, já que não faz essa distinção na pesquisa.
De acordo com o mais recente levantamento, feito no ano passado, as fatias hispânica e asiática aumentaram a sua presença na população nova-iorquina em relação a 2000 -representam, juntas, 42% do total. Já brancos e negros perderam participação no bolo.
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