Forças sírias matam ao menos 20 e Liga Árabe envia secretário-geral

Forças sírias apoiadas por tanques mataram pelo menos 20 civis na quarta-feira na cidade de Homs, em uma das mais ferozes ações militares contra centros urbanos em seis meses de repressão aos protestos contra o presidente Bashar al Assad, segundo ativistas e moradores.

Moradoras da cidade disseram que o ataque se concentrou nos bairros da cidade velha, onde há manifestações quase diárias pela renúncia de Assad, há 11 anos no poder.

No mesmo dia, a Liga Árabe anunciou que o seu secretário-geral irá visitar a Síria no sábado, e que chanceleres da região irão se reunir na semana que vem para transmitir sua preocupação com a repressão.

"Helicópteros militares estão sobrevoando, e franco-atiradores estão fazendo disparos dos telhados contra qualquer coisa. Disparos de metralhadoras dos tanques estão caindo sobre nós feito chuva", disse por telefone à Reuters um morador do bairro de Bab Sbaa, pedindo anonimato.

Ativistas de direitos humanos dizem que o regime sírio intensificou, nas últimas semanas, seus esforços contra os manifestantes, o que inclui ações militares mais frequentes, assassinatos dirigidos de líderes dos protestos e a prisão de milhares de pessoas.

Assad diz repetidamente que existe uma conspiração estrangeira para dividir a Síria. As autoridades dizem que a violência é provocada por terroristas, e que 500 policiais e soldados já foram mortos

A agência estatal de notícias da Síria disse na quarta-feira que "grupos terroristas armados" mataram oito agentes do governo em Homs, além de terem "agredido civis e forças de segurança e atacado propriedades públicas e privadas".

Homs, cidade natal de Asma Assad, mulher do presidente, fica junto à principal rodovia do norte do país, a 165 km de Damasco. Bairros antigos, como Bab Sbaa, Bab Dreib e Bab Hut, têm registrado os maiores protestos diários contra Assad. Seu labirinto de ruas ajuda os manifestantes a escaparem das forças de segurança, segundo ativistas e moradores.

Habitantes da vizinha localidade de Rastan divulgaram no YouTube um vídeo que aparentemente mostra 12 soldados desertores, fardados, na sacada de um edifício comercial, de onde são aplaudidos com entusiasmo por manifestantes.
"Seremos uma só mão para derrubar Bashar e cada traidor", disse um soldado pelo microfone.

VISITA

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Elaraby, pretendia originalmente visitar Damasco na quarta-feira. Diplomatas árabes disseram que a visita foi adiada para sábado a pedido da Síria.

Uma fonte diplomática regional disse que as autoridades sírias adiaram a visita depois de Elaraby ter se reunido com membros da oposição do país, e por causa do vazamento de uma proposta do Qatar contendo possíveis exigências dos países árabes a Assad. A iniciativa do Qatar ainda não foi formalmente adotada, segundo essa fonte.