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Construtora brasileira acredita que Morales conseguirá acordo sobre rodovia
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DA EFE, EM SÃO PAULO
A empreiteira brasileira OAS, construtora de uma estrada que atravessa o Parque Nacional Isiboro-Secure, no Bolívia, disse nesta terça-feira que confia que o governo local chegará a um acordo com as comunidades indígenas que rejeitam as obras, depois que o presidente Evo Morales decidiu suspendê-las temporariamente.
Após uma série de distúrbios e manifestações por parte das comunidades indígenas que habitam a região de impacto, Morales decidiu na segunda-feira suspender as obras enquanto consulta as regiões de Cochabamba e Beni, pelas quais está previsto que a estrada passe.
"Confiamos no governo pluricultural da Bolívia, na origem indígena do presidente Morales, que foi o primeiro a reconhecer os direitos dos índios, para que se chegue a um acordo sobre o melhor traçado dessa parte da rodovia", declarou o diretor superintendente da Área Internacional da OAS, César Uzeda.
Os índios amazônicos rejeitam a construção estrada porque atravessará a reserva ecológica do Tipnis e temem que seja degrada e que seus territórios sejam invadidos pelos produtores de folha de coca, planta base para fabricar a cocaína.
Uzeda considerou que, de acordo com o cronograma da obra, o prazo para iniciar a construção da segunda parte, a partir de julho de 2012, é um lapso propício para se alcançar um consenso.
"Não sabemos o mecanismo de como o governo boliviano consultará as comunidades. Isso é um assunto interno, e o respeitaremos. Sabemos que existem muitas comunidades também a favor da obra", apontou.
Cerca de 1.500 índios que caminham desde 15 de agosto rumo a La Paz foram vítimas de uma repressão policial, que inclusive Morales qualificou de imperdoável e motivou na segunda-feira a renúncia da ministra da Defesa, Cecilia Chacón e, nesta terça, do ministro do Interior, Sacha Llorenti.
O chanceler boliviano, David Choquehuanca, foi obrigado a caminhar no sábado por mais de uma hora com os índios, e sua retenção aumentou a tensão entre o governo Morales e as etnias da região.
A previsão é que a rodovia tenha 300 quilômetros e custe US$ 415 milhões. A obra conta com a cooperação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento de compra de materiais, bens e serviços.
Nesse sentido, o governo brasileiro defendeu na segunda-feira uma solução negociada na Bolívia e confirmou sua disposição a colaborar financeiramente com o projeto por entender que atende a todas as exigências ambientais.
Por sua vez, o executivo da OAS descartou qualquer tipo de impacto econômico caso haja um acordo para uma pequena mudança no traçado inicial da segunda parte, compreendida entre Villa Tunari e Santo Inácio de Moxos, que uniria os departamentos de Cochabamba e Beni.
"É uma rodovia muito importante, e estamos prontos para começar. Por enquanto, estão suspensos os estudos sobre a construção, e retiramos, por questões de segurança, o pessoal que os adiantava", detalhou Uzeda.
Para a empresa brasileira, os índios contrários à obra temem "pelo impacto do exploração da estrada, que estará saturada de caminhões e pessoas, e não tanto pela construção do projeto", que faz parte do Plano Nacional de Vias do país vizinho.
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