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17/10/2011 - 08h50

Hollande vence primárias na França e será candidato socialista

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

François Hollande venceu a adversária Martine Aubry no segundo turno, no domingo, das inéditas primárias para escolher o candidato do Partido Socialista (PS) às eleições presidenciais francesas de 2012.

Hollande tem 57 anos e representa a ala moderada do PS. Nas eleições de 2012, ele será o rival de Nicolas Sarkozy, o atual presidente francês, que os socialistas pretendem tirar do Palácio do Eliseu.

"Recebi um mandato imperioso, o de fazer a esquerda vencer" nas eleições presidenciais de 2012 frente ao conservador Nicolas Sarkozy, declarou Hollande pouco depois de ser recebido na entrada da sede parisiense do PS pela adversária, Martine Aubry, por Ségolène Royal, que foi sua companheira por quase 30 anos, e outros candidatos eliminados no primeiro turno das primárias, as primeiras abertas da história do partido.

Às 21h30 no horário local (17h30 em Brasília), duas horas após o fechamento dos colégios eleitorais, Hollande estava 13 pontos à frente de Aubry, com cerca de 56% dos votos, uma distância maior do que a registrada entre os candidatos no primeiro turno das primárias.

Gonzalo Fuentes /Reuters
François Hollande, que disputará Presidência com Sarkozy em 2012, comemora resultado das primárias
François Hollande, que disputará Presidência com Sarkozy em 2012, comemora resultado das primárias

Hollande e Royal, que tiveram quatro filhos, trocaram publicamente o primeiro beijo no rosto desde o anúncio de sua separação, pouco após a derrota dela nas presidenciais francesas de 2007.

"Meço a tarefa que me espera", afirmou Hollande, que se apresentou como o "candidato do respeito, do diálogo e da democracia" no primeiro discurso da noite, após serem divulgados os resultados das primárias, ainda parciais, que lhe atribuem 56,5% dos votos contra 43,5% para Aubry.

Falando da Maison de l'Amerique Latine (Casa da América Latina), em seu terceiro discurso da noite, Hollande advertiu que "nunca a esquerda preparou uma eleição presidencial em um contexto tão complexo com uma crise financeira que não para de causar efeitos".

"Hoje não se conquistou uma vitória, é uma vitória que se prepara", disse Hollande em sua primeira intervenção na sede socialista, enquanto seus seguidores gritavam "François, presidente".

As primárias dos socialistas tiveram um êxito inesperado de participação dos franceses. Durante semanas, os debates dos seis candidatos do PS atraíram grande interesse, e nesta segunda rodada um número maior de eleitores compareceu às urnas: 2,8 milhões.

Com essa participação, o PS superou a mobilização "histórica" de 2,6 milhões de votantes no primeiro turno no domingo passado, que pôs Hollande em primeiro lugar do pleito, com 39% dos votos.

No segundo turno destas primárias inéditas do PS, 9.500 seções eleitorais funcionaram das 9h às 19h locais (5h às 15h de Brasília) em prefeituras, escolas, ginásios e até no jardim de uma casa.

François Hollande, deputado e presidente regional, porém nunca ministro, saiu em campanha em 2010, ocupando o vácuo deixado por Dominique Strauss-Kahn, que estava então à frente do FMI.

RECONHECIMENTO

Aubry reconheceu a vitória de Hollande e pediu a unidade ao redor do candidato, enquanto confirmou que continua como primeira-secretária do partido. Ela recebeu o futuro candidato na sede do partido, onde simpatizantes do candidato gritavam "ao Eliseu, ao Eliseu". Hollande pediu um partido "solidário" a caminho da Presidência.

"Quero saudar calorosamente a vitória de François Hollande. Esta noite é o nosso candidato às presidenciais de 2012", afirmou Aubry, de 61 anos, ex-chefe do PS que pretendia se tornar a primeira mulher a presidir a República francesa e que horas antes convocava os eleitores a votar "com convicção e com o coração".

Ela antecipou que nesta segunda-feira "retomará sua função como primeira-secretária do PS", cargo que deixou no fim de junho passado quando anunciou sua candidatura às primárias.

"Hoje foi a votação. Esta noite é a unidade em torno do nosso candidato e amanhã será a equipe da França para a mudança e para por um fim a cinco anos de governo de Nicolas Sarkozy", declarou Aubry, que nos últimos dias protagonizou uma campanha bastante agressiva contra seu rival.

Phillipe Huguen/France Presse
Martine Aubry, que não era favorita, reconheceu a vitória de François Hollande nas primárias de domingo
Martine Aubry, que não era favorita, reconheceu a vitória de François Hollande nas primárias de domingo

Ela garantiu que trabalhará com "toda" a "força para que, em sete meses, François Hollande seja nosso presidente da República".

O processo de primárias do PS termina com a derrota de Aubry, representante da esquerda do partido, que nos últimos dias viu os outros quatro companheiros que rivalizavam com ela se pronunciarem a favor de Hollande, deputado do departamento de Corrèze.

Durante a campanha das primárias, a prefeita de Lille assumiu um papel de líder que ela mesma denominou como uma "esquerda forte", em oposição a "esquerda branda" associada a Hollande. Agora, ela dá passagem ao candidato que mais franceses veem como idôneo para chegar ao Eliseu.

As primárias significam também um êxito de participação acima dos limites das bases e dos simpatizantes do PS, já que todos aqueles que fizessem uma declaração prévia de compromisso com os valores do partido e pagassem uma quantia simbólica de um euro para custear despesas poderiam votar.

Líder de chapa do PS após a brutal derrota socialista nas legislativas de 2002, Hollande recebeu, após o primeiro turno, o apoio dos quatro candidatos socialistas eliminados no domingo anterior, entre eles sua ex-mulher, Ségolène Royal.

Considerado um azarão por ter chegado ao terceiro lugar no primeiro turno com 17% dos votos, Arnaud Montebourg, representante da ala esquerda do PS, que se autoproclama um "indignado" e reivindica a "desglobalização", anunciava seu apoio a Hollande, assim como os minoritários Manuel Valls e Jean Michel Baylet.

Mas para alguns eleitores, não foi uma escolha fácil.

"Duvidei muitíssimo até o último momento", admitiu Sophie, uma professora de pintura de 41 anos, após votar em Aubry no leste de Paris. Já Annette, uma aposentada de 66 anos, disse que votou em Hollande "porque é mais confiável e tem mais capacidade de unidade".

DSK

A vitória de Hollande acontece ao mesmo tempo em que o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, volta a ter seu nome relacionado a processos judiciais.

Grande ausente destas primárias, nas quais era o grande favorito, após ser acusado de tentativa de estupro --crime pelo qual foi absolvido em setembro-- pela camareira de um hotel de Nova York, DSK voltou a perturbar o panorama socialista e novamente de forma incômoda.

O político francês de 62 anos, que no domingo anterior votou em Aubry, se vê agora confrontado ao que chama de "insinuações maliciosas" que o vinculam a uma rede de prostituição de luxo e agora pede para "comparecer o mais rápido possível perante os juízes" para tratar do caso.

O advogado da jornalista francesa Tristane Banon, cuja denúncia contra Strauss-Kahn por tentativa de estupro foi arquivada na última semana, divulgou que não apresentará um processo civil contra o político socialista.

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