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25/10/2011 - 11h19

Gaddafi é enterrado com filho em deserto, diz governo interino

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O corpo do ditador líbio Muammar Gaddafi, capturado e morto no último dia 20, foi enterrado na noite de segunda-feira em um local secreto pelo novo regime, segundo anunciaram as autoridades do CNT (Conselho Nacional de Transição).

Morto após ficar 42 anos no poder na Líbia, Gaddafi foi sepultado em uma cerimônia religiosa, ao lado dos corpos de seu filho Muatassim e de seu ex-ministro da, Defesa Abu Bakr Yunis Jaber. Os dois também foram mortos após serem capturados pelas forças do CNT.

O funeral coloca um fim aos quase cinco dias em que os corpos ficaram armazenados em uma câmara congelada de um mercado na cidade de Misrata, no litoral do país, durante a realização de autópsias. Até ontem, a população fazia fila para observar o ditador morto, e as autoridades do CNT decidiram encerrar a exposição dos corpos por conta do seu estado de decomposição.

"Gaddafi e o filho dele foram enterrados no amanhecer em um local secreto com o respeito que lhe eram devidos", disse um membro do governo interino à agência de notícias Reuters.

Asmaa Waguih - 12.out.2011/Reuters
Imagem de Gaddafi em banner semidestruído em Sirte, cidade natal do ditador líbio e onde ele foi morto
Imagem de Gaddafi em banner semidestruído em Sirte, cidade natal do ditador líbio e onde ele foi morto

Segundo guardas que estavam posicionados na entrada de um mercado do subúrbio de Misrata, um comboio de cerca de cinco veículos militares levou os cadáveres na noite de segunda-feira para um local não informado. "Só duas pessoas de confiança foram destacadas para essa missão secreta. Não são guardas, e sim pessoas de muita confiança do CNT", disse Abdel Majid Melegta, porta-voz do CNT, por telefone à Reuters.

Três dirigentes religiosos leais ao antigo regime oraram e organizaram uma cerimônia religiosa antes dos sepultamentos, entre eles o clérigo pessoal de Gaddafi, Khaled Tantoush, que foi preso com ele.

Segundo um militar citado pela France Presse, o pai e dois filhos do ex-ministro da Defesa estavam presentes. A Reuters disse que havia também dois primos de Gaddafi -- presos no comboio em que o ex-dirigente tentava fugir de Sirte, na quinta-feira passada. Os corpos depois foram levados ao deserto, em uma localização não revelada.

LOCAL DO CORPO

A decisão de realizar um sepultamento secreto contrariou o desejo da família de Gaddafi, que queria enterrá-lo nas proximidades de Sirte, sua cidade natal.

Membros da tribo de Gaddafi também reivindicavam o corpo para poder enterrá-lo no local, enquanto as autoridades de Misrata -- cidade que foi sitiada pelas forças gaddafistas no começo dos oito meses de guerra civil -- queriam alguma recompensa do CNT para entregá-lo.

Esam Al-Fetori/Reuters
Rebeldes são recebidos em Benghazi ao retornar de Sirte, cidade onde Gaddafi foi morto na quinta-feira (20)
Rebeldes são recebidos em Benghazi ao retornar de Sirte, cidade onde Gaddafi foi morto na quinta-feira (20)

De acordo com o ministro de Informação do governo interino, Mahmoud Shammam, citado pela emissora britânica BBC, as autoridades seguiram uma ordem religiosa islâmica que determinava que o ditador não poderia ser enterrado em um cemitério muçulmano ou em um local conhecido para evitar insubordinação.

A tradição islâmica determina que enterros devem ocorrer dentro de um dia após a morte da pessoa. Os líderes do CNT, porém, estavam preocupados de que o local do enterro pudesse se tornar um ponto de peregrinação para leais ao antigo regime.

As condições da morte de Gaddafi e seu filho ainda não estão totalmente esclarecidas e há suspeitas de que tenha ocorrido a execução dos dois. Por isso, Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu que fossem investigadas as circunstâncias em que o ditador morreu no dia 20 de outubro. O CNT anunciou que vai instaurar um comitê para esclarecer o evento.

SUSPEITAS DE EXECUÇÃO

A análise de novos vídeos divulgados na sexta-feira (21) sobre os momentos finais do ditador da Líbia reforçam as suspeitas de que ele tenha sido executado pelos rebeldes, afirma o blog "The Lede", do jornal americano "The New York Times".

ATENÇÃO: imagens agressivas a seguir

Vídeo

"Embora seja difícil determinar a exata cronologia de todos os vídeos postados online nas últimas 36 horas, as primeiras imagens do coronel Gaddafi após ser capturado parecem ter sido feitas por Ali Algadi, um combatente rebelde, com um iPhone.

Algadi disse ao site americano de notícias GlobalPost, que obteve e publicou este vídeo, que ele começou a gravar apenas alguns segundos depois que o líder foi arrastado de um duto de esgoto sob uma uma estrada em Sirte na quinta-feira", afirma o blog.

PRESENÇA DA OTAN

O CNT quer que a Otan, a aliança militar do Ocidente, permaneça no país "ao menos um mês", indicou nesta terça-feira o ministro interino de Petróleo e Finanças, Ali Tarhuni.

"Peço à Otan que permaneça ao menos mais um mês", declarou Tarhuni à imprensa na cidade de Benghazi (leste), onde teve início a rebelião contra Muammar Gaddafi.

A Otan havia anunciado na sexta-feira que tinha a intenção de pôr fim a sua operação militar na Líbia no dia 31 de outubro.

Mais cedo, a Otan expressou sua confiança de que a Líbia se transforme em um Estado democrático após a morte do ditador Muammar Gaddafi, que governou com mão de ferro esse país norte-africano durante 42 anos.

TRANSIÇÃO EM CINCO ETAPAS

No domingo (23), o premiê interino da Líbia, Mahmoud Jibril, disse que o país deve ter um novo governo de transição dentro de um mês, com a responsabilidade de organizar, num período de até oito meses, as eleições que montarão um congresso para criar a nova Constituição líbia.

O plano de transição no país inclui cinco etapas.

A primeira compreende a provável renúncia de Jibril ao cargo neste domingo, após o anúncio oficial de libertação da Líbia na cidade de Benghazi.

Nas próximas semanas um novo governo provisório será estabelecido, e na terceira etapa, em até oito meses, eleições devem ser realizadas para a formação de um congresso, mesmo que provisório, descrito pelo líder como "uma espécie de Parlamento".

"O chefe deste novo Parlamento, quando eleito, será o presidente interino ou provisório do país", explicou.

Arte Folha

No quarto estágio este comitê criará uma nova Constituição e ajudará a organizar as primeiras eleições presidenciais livres e democráticas após o fim do regime do ex-ditador Muammar Gaddafi, que ficou no poder durante 42 anos, finalizando a última etapa da transição: a criação de um governo constitucional livre e democraticamente eleito.

Jibril disse que não pretende concorrer a cargos políticos e destacou a importância de que os rebeldes agora voltem as suas cidades e "deem as mãos para a missão de reconstruir o país deles".

"Queremos passar por todas essas etapas o mais rápido possível para que a vida democrática na Líbia comece logo e que o desenvolvimento possa ocorrer", avaliou.

Editoria de Arte/Folhapress
 

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