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13/07/2012 - 03h00

Editorial: Bola da vez

Veio à luz, enfim, a documentação que comprova e fornece detalhes sobre o recebimento de propinas por parte de João Havelange e Ricardo Teixeira, dois dirigentes esportivos brasileiros que ocuparam postos de comando na Fifa, órgão máximo do futebol mundial.

Havelange foi presidente da entidade no período de 1974 a 1998, quando esteve à frente da organização de seis Copas do Mundo.

Teixeira presidiu a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) de 1989 até março passado e, por 18 anos, foi da cúpula da Fifa. Chegou a ambos os postos pelas mãos de Havelange, de quem é ex-genro.

Juntos, como evidenciam os autos de processo na Justiça da Suíça, país onde a Fifa tem sua sede, embolsaram R$ 45,5 milhões para facilitar negociações vinculadas a mundiais de futebol. O processo inclui comprovantes de que o dinheiro lhes foi pago nos anos 1990 pela ISL, ex-parceira comercial da entidade, por contratos de direitos de transmissão de TV e marketing. Ao falir, a empresa passou a ser investigada por promotores suíços.

Buscando minimizar o escândalo, a Fifa entregou os nomes dos envolvidos às autoridades. A promotoria fez então um acordo pelo qual a dupla devolveu cerca de R$ 10 milhões à massa falida da ISL, em troca de fim do processo e sigilo --em vão, pois a Justiça permitiu agora que se divulgasse o dossiê.

O caso ajuda a entender a perda de prestígio de Teixeira no governo de Dilma Rousseff. Depois de paparicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva --a quem propinas, comissões e caixa dois não parecem causar espanto--, o cartola foi constrangido a se afastar da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014.

Continua, entretanto, a receber salários da entidade que presidia e a contar com a condescendência de dirigentes de clubes e de outros órgãos do esporte brasileiro. Um sinal de que as práticas de Teixeira e Havelange não são incomuns.

Diante da evidência do tipo de padrão ético dos dois expoentes da cúpula do futebol brasileiro nas últimas décadas, é de perguntar se não é hora de um novo esforço --após duas CPIs com resultados aquém do desejável-- para passar a limpo a gestão do esporte no país.

Não convém rechaçar nova investida com o argumento de que o assunto se restringe a entidades privadas. A dimensão pública do futebol é evidente, e suas conexões com o Estado e o meio político, mais que conhecidas.

 

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