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18/12/2012 - 03h30

Editorial: Um futuro sem Chávez

Os resultados das eleições estaduais de anteontem na Venezuela tornam ainda mais incerto o futuro do país. O presidente Hugo Chávez --no poder há 14 anos, reeleito em outubro para mandato de mais seis-- obteve vitória acachapante ao arrebatar 20 dos 23 Estados.

Por outro lado, o principal líder da oposição, Henrique Capriles, que há dois meses alcançara 44% dos votos ao disputar contra Chávez, foi reeleito governador no decisivo Estado de Miranda. Credenciou-se, assim, como candidato natural na próxima eleição para presidente.

O que confere nervosismo ao quadro é que esse pleito pode estar próximo. Chávez enfrenta um câncer designado como "pélvico" que o levou à quarta cirurgia em Havana, Cuba, na semana passada. O prognóstico não é bom. Antes de se operar, o autocrata indicou seu vice-presidente e chanceler, Nicolás Maduro, como herdeiro --sinal de que prepara o cenário da própria ausência.

Caso Chávez fique inabilitado por razão duradoura nos primeiros quatro anos do novo mandato, o que a muitos observadores parece provável, se não iminente, a Constituição estipula novas eleições presidenciais em um mês.

A decisão popular deverá recair, então, sobre Nicolás Maduro ou Henrique Capriles. O fato de serem vistos como políticos moderados nos respectivos campos em confronto acena para uma desejável distensão no crispado clima político do país.

O regime "bolivariano" --espécie de estatismo autocrático e plebiscitário-- beneficiou-se na década passada do imenso apetite internacional por petróleo, do qual o país é grande produtor. A economia cresceu a taxas altas, gerando excedente que o governo emprega para transferir renda e assegurar apoio na população mais pobre.

O dirigismo estatal produziu, ao mesmo tempo, seu costumeiro cortejo de mazelas em termos de ineficiência produtiva e corrupção governamental, num país que não consegue emancipar-se da ruinosa dependência do petróleo. Caracas, uma das cidades mais violentas do continente, tornou-se símbolo da inépcia oficial.

A enfermidade de Hugo Chávez cerca de tons emocionais o crepúsculo de uma era que dificilmente sobreviverá à personalidade do líder que a engendrou. A opção diante dos venezuelanos será escolher de que forma e sob qual liderança virar essa página.

 

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