Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/01/2013 - 03h30

Laura Capriglione: Praga de sete anos

DE SÃO PAULO

SÃO PAULO - Graças ao jornalista Evandro Spinelli, da Folha, ficamos sabendo que o projeto Nova Luz, a menina dos olhos do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), foi para o beleléu, acabou, morreu. Tinha sete anos.

Enterrado pela nova administração, de Fernando Haddad (PT), o Nova Luz prometia "revitalizar" a região da cracolândia, criando, nas palavras do site oficial, "um local para morar, trabalhar e se divertir, no qual as pessoas estejam cercadas por elementos históricos e culturais".

Mas quem morreu foi o projeto, não sem antes torrar R$ 14,6 milhões, gastos em sua elaboração.

Morreu sem sair do papel porque era caro demais. Kassab dizia que a coisa funcionaria como uma concessão urbanística. Uma empresa receberia o direito de fazer as desapropriações, construir os imóveis e depois vendê-los com lucro.

Estudos técnicos garantem que a empreitada custaria R$ 4 bilhões. Mas, para que se tornasse viável economicamente, a prefeitura teria de entrar com recursos de até R$ 2 bilhões.

Estrangulada por dívidas e com escassa capacidade de investimento, até as pedras de crack sabiam que a cidade não poderia empenhar uma bolada desse tamanho para beneficiar apenas os 45 quarteirões envolvidos no projeto.

Até o último dia de seu mandato, Kassab vendeu a ilusão da viabilidade do Nova Luz. Os resultados mostraram-se dramáticos. Quem é que ousaria investir um alfinete ali, havendo a ameaça de tudo ir ao chão assim que começasse a "revitalização" prometida?

Foram sete anos de descaso, abandono e estagnação, como se a praga do "Ensaio sobre a Cegueira" tivesse atingido aquele pedaço infeliz da cidade. O comércio foi embora, levando consigo os empregos; hotéis fecharam, famílias mudaram-se de lá. Nunca a Luz esteve tão apagada quanto hoje. E depois estranham que ali se concentrem tantos usuários de crack.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página