Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
01/11/2010 - 02h30

Eleições, imprensa, Monteiro Lobato

DE SÃO PAULO

Eleições

Hoje sou uma mulher feliz. Feliz e orgulhosa. Não confundam com eufórica, porque eufórica não estou. Só feliz, sorrindo.
Independentemente de ideologias políticas e partidárias, devemos nos orgulhar por nossa democracia, que nestas últimas eleições demonstrou ser sólida e madura ao se igualar às nações livres, justas e tolerantes. Igualar em termos, já que o Brasil amarga vergonhosos índices de violência doméstica. É verdade que a nossa luta não terminou, mas estou feliz que uma tão importante barreira tenha sido ultrapassada. A eleição da primeira mulher presidente no Brasil coloca nosso país junto às nações que ao longo da história derrubaram os muros para as lideranças femininas e abriram caminhos para mulheres em todos os níveis da sociedade. Afinal de contas, qual melhor exemplo do que uma presidente mulher?
Então, sim, estou feliz e orgulhosa, e só não estou eufórica, porque ser mulher não basta para liderar uma nação. Sei que nossa nova presidente tem um árduo trabalho e uma grande missão pela frente, mas tenho a esperança de que o sucesso dela seja o sucesso de todas nós, mulheres, em conquistar nossos espaços tão merecidos, nos levando ao dia em que uma presidente mulher não seja mais motivo para felicidade ou orgulho, mas sim de euforia, por termos chegado ao fim de nossa luta.

FABÍOLA MARQUES, advogada, professora de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da PUC-SP, conselheira seccional da OAB-SP e presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-SP (São Paulo, SP)

*

Danuza Leão tem todo o direito de estar cansada de Lula, mas não tem o direito de falar por "nós", como insinua na frase final de seu artigo "É hoje" (Cotidiano, ontem). O mais apropriado seria ter escrito "Vai Lula, você merece: nós, que compomos os 3% que consideram seu governo ruim ou péssimo, segundo a última pesquisa Datafolha, também estamos muito cansados de você".

ADEMIR ANTÔNIO GARGIULO SOARES (Santos, SP)

*

Hoje sinto vergonha de ser brasileiro pela primeira vez na vida. Mas não pretendo abandonar nossa terra. Então inicio hoje a campanha para 2014 no sentido de abrir os olhos dos brasileiros para essa mentira criada pelo "chefe de facção", Lula.
Não me sinto representado por uma presidente fantoche. Em pleno 2010, o Brasil deixou de escolher o político mais preparado do país para ser presidente e preferiu escolher alguém que nunca foi eleita nem sequer para síndica de condomínio.
Entre a vacilação e a omissão de Aécio Neves e Marina Silva, o amor pelo Brasil foi deixado em segundo plano. Os projetos pessoais foram priorizados.

SANDRO FERREIRA (Ponta Grossa, PR)

*

Excelente o artigo de Fernando Rodrigues de sábado ("A preguiça da oposição"). Sua análise é perfeita. Os atuais partidos ditos de oposição nunca foram preparados para sê-lo desde que Lula assumiu o poder. Praticamente não há militância, diretórios e conclamação aos que apoiam algum candidato do partido para sair às ruas. Só vi engajamento agora, neste segundo turno, e assim mesmo pela internet e pelo twitter. As "passeatas" que ocorreram em algumas cidades assim aconteceram. Isso quer dizer que abriram os olhos. Mas, pelo que penso, um pouco tarde. O PSDB e o DEM, aliados nessa campanha pró-Serra, permaneceram estáticos no primeiro turno, e somente o PSDB tomou a iniciativa, neste segundo, de promover passeatas e conclamar seus adeptos, que, pelo visto, são muitos e não deveriam ter sido ignorados por tanto tempo.

CARLOS EDUARDO DE BARROS RODRIGUES (São Paulo, SP)

*

Ela venceu!
Agora terá que enfrentar a "herança maldita": dívida interna alta, falta de infraestrutura (aeroportos, portos, estradas, reformas sérias não feitas, estádios a construir), salários prometidos, inflação retomando etc e tal.
Como Lula só recebeu a "herança bendita" e pôde usar e surfar nos efeitos, ela não poderá reclamar do antecessor. Como são bons de boquinhas e aparelhamentos, espero que o aceno que ela diz que fará ao PSDB não seja aceito. Meirelles, do Banco Central, que salvou e deu crédito a este governo, saiu do PSDB. Eles que se virem.

TANIA TAVARES (São Paulo, SP)

*

O presidente Lula diz que a Igreja Católica fala a mesma coisa há 2.000 anos. E ele está absolutamente certo, porque a essência da natureza humana não muda, e as verdades reveladas por Deus sobre moral e fé também não podem mudar. O ouro não pode ser contaminado ao longo do tempo. Se no Antigo Testamento Deus falou até por meio de uma besta, para mostrar que quem falava era Deus, e não o profeta, hoje Deus fala por meio do presidente da República. Que maravilha!

LUIZ ANTONIO DA SILVA (Ribeirão Preto, SP)

*

É com muito pesar que vejo o resultado da eleição para presidente. Nunca um presidente da República interferiu tanto na disputa eleitoral para eleger um sucessor. Lula ignorou por completo nossa lei eleitoral e usou e abusou de seu cargo para eleger Dilma. É uma vergonha para um país que lutou anos pela democracia presenciar tais abusos. O resultado está aí: foi eleito um fantoche, cujos manipuladores todos já conhecem por suas práticas corruptas. Agora vamos esperar até o próximo escândalo.

EDUARDO TAVARES (Belo Horizonte, MG)

*

Senti-me com a alma lavada com a coluna de Elio Gaspari publicada ontem. Nela, o autor faz uma observação singela: "Fica difícil entender como uma eleição pode ameaçar a democracia". Não poderia haver melhor resposta a essa paranoica corrente que vê na vitória da candidata do PT Dilma Rousseff o risco de "chavização" do Brasil, daí cabendo aos eleitores "esclarecidos" e não ludibriados pelo Bolsa Família salvar a democracia do "inimigo vermelho" (voltamos à retórica da Guerra Fria?).
Na verdade, esta corrente nutre-se no solo do privatismo oligárquico velho de guerra que teima em não morrer. Querem uma democracia sem povo, daí caber-lhes o título de "demófobos", talvez mesmo advogados de um sistema eleitoral censitário. A democracia só lhes é agradável quando seus candidatos têm a certeza da vitória. Deixam o interesse material imediato ofuscar a inteligência e esquecem de consultar os livros de história a fim de perceber as gritantes diferenças entre a Venezuela e o Brasil.

JOÃO MARCELO RAMOS PIRES, mestre em ciência política pela UFRJ (Teresópolis, RJ)

-

Imprensa

Bia Barbosa e seus colegas, na seção "Tendências/Debates" de ontem, ao afirmarem que os meios de comunicação "impõem suas ideias à opinião pública", se esquecem de que existe o controle remoto e o "dial". Quem francamente quer impor suas ideias é justamente o Estado, com seus canais públicos e a Radiobrás, esta obrigando os ouvintes de rádio a lhe ouvirem em determinada hora. "A regulação da comunicação está consolidada em todas as democracias como baliza de Estados efetivamente plurais". A Constutuição, como demonstrou o doutorHélio Bicudo, já é suficiente para balizar a comunicação.

RODRIGO ENS (Curitiba, PR)

*

Os autores do texto "Conselhos fortalecem a democracia" fazem uma grande confusão ao defender a criação de tais conselhos.
Comparam a intervenção estatal sobre a liberdade de expressão com a intervenção em áreas como saúde e educação. Ora, a liberdade de expressão pertence aos chamados direitos fundamentais de primeira geração, as liberdades públicas. Tais direitos, para que se realizem, exigem a abstenção do Estado. O direito à saúde e à educação, por outro lado, são direitos fundamentais de segunda geração, os direitos sociais. Estes só se realizam por meio de ação estatal.

HENRIQUE STECANELLA CID (São Paulo, SP)

-

Lobato

Eu adquiri meu gosto pela leitura antes mesmo de ser alfabetizado, quando minha mãe lia as histórias do Sítio do Picapau Amarelo antes de eu dormir. Foram as aventuras de Narizinho, Pedrinho e Emília que me tornaram um leitor.
É um verdadeiro crime contra as crianças de hoje vetar, com o absurdo argumento de racismo, o acesso ao mundo mágico que Monteiro Lobato criou.

LUIS PEDRO POLESI DE CASTRO (Itatiba, SP)

*

Se continuarem os ataques à obra de Monteiro Lobato como a da professora Maria Britto ("Painel do Leitor", ontem), vamos precisar proibir muitos escritores desde que o homem começou a escrever. Nada mais retrógado do que censurar obras, muito menos sem ter um mínimo de critério histórico e social de quando o autor escreveu sua obra. Se essa professora não sabe transmitir a obra de Monteiro Lobato, também não tem o direito de pedir a proibição de sua leitura. Isso é uma atitude totalitária, só vista em ditaduras.

FRANCISCO DA COSTA OLIVEIRA (São Paulo, SP)

*

Quando era adolescente, nos anos 60, uma professora de português, ao nos indicar um livro de Machado de Assis para leitura, nos fez uma breve, porém útil, advertência. Advertiu-nos de que no livro havia o termo "amante", termo que na época era muito pejorativo para a sociedade brasileira. Ela nos recomendou que lêssemos o livro pensando no que o termo queria dizer nos tempos de Machado, ou seja, apenas amada/o (enfim a quem se ama, nada mais).
Ao ler a carta da leitora Rute de Alves Britto ("Painel do Leitor", ontem), numa acusação neorracista a Monteiro Lobato, esquece esta leitora que o escritor editou "Caçadas de Pedrinho" em 1933. A situação sociocultural do Brasil era diversa da de hoje. Se esta senhora quiser enriquecer a cultura e a educação de seus alunos, nada mais adequado do que fez minha professora nos anos 60. Caso contrário, pelo seu raciocínio, deveríamos fazer como Hitler: queimar muitos livros em praça pública.
Como professora que é, que siga se aperfeiçoando, e não limitando suas aulas.

FRANCISCO XAVIER FERNANDEZ (São Paulo, SP)

 
 

O "Painel do Leitor" recebe colaborações por e-mail (leitor@uol.com.br), fax (0/xx/11/3223-1644) e correio (al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo - SP, CEP 01202-900).

As mensagens devem ser concisas e conter nome completo, endereço e telefone. A Folha se reserva o direito de publicar trechos.

Serviço de Atendimento ao Assinante:

0800-775-8080
Grande São Paulo: 0/xx/11 3224-3090
www.cliquefolha.com.br

Ombudsman:

0800-015-9000
ombudsman@uol.com.br
www.folha.com.br/ombudsman

Acompanhe a Folha no Twitter

Publicidade


Publicidade

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página