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21/12/2011 - 19h06

Dez são indiciados pela PF por confronto com índios em MS

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CAMPO GRANDE

A Polícia Federal indiciou dez pessoas sob suspeita de participação no confronto com índios guarani-caiovás do acampamento Guayviry, ocorrido em 18 de novembro na fazenda Nova Aurora, na divisa entre Aral Moreira e Ponta Porã (MS).

A PF anunciou que irá manter as investigações, já que o cacique Nizio Gomes, 59, desaparecido durante o confronto, ainda não foi encontrado.

O inquérito deve ser encerrado nesta quinta-feira (22), sendo encaminhado à Justiça Federal. Serão indiciados quatro fazendeiros, um advogado, dois administradores de empresa de segurança e três homens contratados para a retirada dos índios do acampamento.

Todos foram indiciados sob suspeita de formação de quadrilha. A coautoria de lesão corporal será dividida entre os fazendeiros, o advogado e os empresários. O porte de arma será atribuído aos seguranças, assim como lesão corporal. A PF não divulgou o nome dos indiciados.

Os três seguranças contratados chegaram a ser presos, mas foram liberados depois que a Justiça negou a manutenção da prisão. No total, sete homens participaram do confronto com os índios, mas apenas esses três foram identificados.

Na madrugada de 18 de novembro, segundo relato dos índios, homens encapuzados invadiram o acampamento Guayviry, dentro da fazenda, para expulsar os guarani-caiovás. Tiros de borracha foram disparados. Os índios disseram que Gomes levou três tiros no peito. A área é disputada entre os índios e os produtores rurais.

O superintendente interino da Polícia Federal em Campo Grande, Rodrigo de Andrade Oliveira, disse que há indícios de que o cacique esteja vivo e, possivelmente, escondido, "por conta própria ou influência de terceiros". Desde o começo das investigações, Gomes era considerado desaparecido pela polícia.

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

Oliveira disse que a versão apresentada pelo filho do cacique, Valmir Cabral, não se sustentou durante as investigações.

Em depoimento, Cabral disse que viu o pai ser atingido com tiro no peito e colocado dentro de uma caminhonete. No interrogatório, os suspeitos que confessaram participação no confronto foram unânimes em dizer que chegaram a pé até a fazenda e que o veículo havia sido deixado em outra propriedade rural próxima, na noite anterior ao embate. Além disso, a perícia não encontrou rastro de sangue no local indicado onde o cacique teria sido agredido e onde estaria a caminhonete.

De acordo com o superintendente, Valmir Cabral confessou que mentiu ao dizer que viu o pai ser colocado no veículo e não apresentou outra versão, preferindo manter-se calado posteriormente.

A versão de homicídio, segundo o delegado, também foi enfraquecida após o resultado da perícia no local do confronto. No laudo, consta que foi encontrado pouco sangue de Nizio Gomes, insuficiente para ser de um ferimento letal. O filho do cacique entregou seis cartuchos deflagrados de arma calibre 12 com marcas de sangue, comprovadas em exame que eram de Nizio Gomes.

Para a polícia, dificilmente Nizio Gomes teria contato com os cartuchos deflagrados, que seriam lançados a certa distância a cada novo tiro. O material também seria difícil de encontrar, pois é verde, da mesma cor da vegetação local. A PF também considera estranho que a comunicação do confronto só tenha sido feita cinco horas depois do ocorrido. "É um lapso temporal suficiente para que um cenário fosse montado."

Valmir Cabral foi indicado sob suspeita de denunciação caluniosa, pois havia afirmado que viu pessoas durante o confronto que a investigação comprovou que não estavam no local.

OUTRO LADO

O procurador federal da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Ponta Porã, Rodrigo Tejada, disse que não foi informado dos rumos das investigações que indicam que Gomes pode estar vivo e sobre os depoimentos do filho do cacique e, por isso, não poderia se manifestar.

A Folha tentou entrar em contato com Valmir Cabral, mas o telefone celular estava desligado.

 

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