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Acordo entre governo e MST será conhecido na quinta-feira
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JULIA BORBA
DE BRASÍLIA
O ministro de Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, vai anunciar na próxima quinta-feira (19) quais reivindicações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) serão acatadas pela pasta.
A condição para a nova conversa entre governo e movimento é a desocupação de todos os edifícios públicos pelo país.
O MST já se comprometeu a fazer um levantamento e verificar quantos prédios foram invadidos. Assim que o mapeamento estiver pronto, os líderes do MST em Brasília tentarão convencer as bases da importância de acatar a decisão.
De acordo com o ministro, se o trato não for cumprido, as negociações, mais uma vez, serão interrompidas.
"A gente passou isso para eles hoje de manhã. Não estipulamos prazos, mas dissemos que era importante para a pauta ser discutida. Confiamos no bom senso deles, para que todo cidadão que precisa de um serviço público possa entrar e ser atendido. Esperamos essa reciprocidade", afirmou o ministro.
INVASÃO
Ontem, um grupo de 1.500 pessoas invadiu o edifício do ministério, em Brasília, durante a madrugada. Desde cedo, eles impediram o acesso dos funcionários. Ainda no fim da manhã, Vargas divulgou uma nota de repúdio e destacou que reabriria o diálogo apenas após a liberação do prédio.
Hoje pela manhã, o movimento cedeu. Às 8h21, eles deixaram os corredores do ministério, mas devem permanecer por tempo indeterminado em frente ao prédio, com acampamento montado.
A pauta de reivindicações inclui, por exemplo, maior investimento para desapropriar terras no país. O documento está nas mãos do ministro desde quarta-feira da semana passada (11).
REFORMA ESTAGNADA
Uma das principais reclamações do MST é que o governo deixou a reforma agrária de lado. No site do movimento eles dizem que o processo "estagnou".
Pepe Vargas comentou a queixa e atribuiu os problemas a governos anteriores. Segundo ele, houve épocas que o governo brasileiro "simplesmente jogou o pessoal em terra sem condições de produzir, distante de centros urbanos, distante de estradas, sem infraestrutura adequada".
O ministro ressaltou que no ano passado houve o assentamento de 22 mil famílias, além do investimento em processos de assistência técnica e na contratação de novos servidores para lidar com o tema.
"Eventualmente pode ter um problema ou outro, mas aí para dizer que está parado é uma diferença grande", disse Vargas.
ESTRADAS
Durante o dia, o MST fez manifestações em todo país para homenagear o período, conhecido por Abril Vermelho --que relembra o assassinato de 21 sem-terra em Eldorado do Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996.
Ao todo, o movimento interrompeu o fluxo em rodovias de 21 Estados. A ação durou apenas 21 minutos, para manter a simbologia.
Ficaram de fora os Estados de Goiás, porque o movimento migrou para participar das ações em Brasília; Roraima, por dificuldades de comunicação; e Espírito Santo, que discutia ainda hoje a possibilidade de marcar uma audiência com o governador.
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