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Gilmar Mendes mostra documentos para comprovar que pagou viagem
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GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Em busca de apoio no Congresso, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), encaminhou documentos a parlamentares para tentar comprovar que não voou em aeronave cedida pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no ano passado. O ministro enviou cópia do seu extrato bancário dos meses de maio a julho do ano passado para mostrar a compra de bilhetes aéreos na viagem que fez a Berlim (Alemanha), em abril de 2011.
Em depoimento ontem ao Conselho de Ética do Senado, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse que surgiu uma "história maliciosa" de que ele e Mendes teriam voado em um jatinho cedido por Cachoeira, de São Paulo a Brasília - quando ambos retornavam de viagem a Berlim.
A polêmica veio à tona depois que Mendes, em entrevista à Veja, acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter pedido o adiamento do julgamento do mensalão pelo STF em encontro com o ministro, no mês passado.
Sem apresentar as cópias dos cartões de embarque, Mendes mostra, nos extratos, que gastou mais de R$ 4.000 no pagamento da viagem - com despesas que incluiriam o trecho SP-Brasília.
O ministro também anexou aos documentos a cópia das reservas dos voos que mostram que ele teria retornado a Brasília em aeronave da companhia Lufthansa, a mesma por onde voou de Berlim a São Paulo, no dia 25 de abril de 2011. Há ainda cópias de convite de palestra em que participou em Granada, na Alemanha, motivo de sua viagem à Europa.
Outro documento mostra a milhagem recebida pelo ministro, da companhia aérea, referente aos trechos da Europa e o São Paulo-Brasília.
"Poderiam dizer que mesmo com reserva feita, a viagem poderia não ter sido feita. Você pode ter comprado e não usado o bilhete e ter usado o avião referido do senhor Carlinhos Cachoeira. Mas há uma coisa que comprova tudo: a pontuação em milhas que você só consegue se você viajar", disse o senador José Agripino Maia (DEM-RN), que recebeu os documentos de Mendes.
Demóstenes disse, ao conselho, que ele e Mendes foram a Berlim --depois seguiu para Praga e voltou a encontrar o ministro do STF na capital da Alemanha. O senador confirmou que retornou a Brasília em jatinho cedido por um empresário de Goiás, que não é Cachoeira.
DEFESA
Senadores governistas e da oposição criticaram a postura do ex-presidente Lula no episódio com Mendes. Para Pedro Taques (PDT-MT), Lula deveria sair do "varejo político" ao discutir temas como o julgamento do mensalão.
"Ex-presidente da República, se não vier para o embate político, deve se tornar uma instituição da República, discutir uma grande biblioteca que vai montar, discutir educação no mundo, não se envolver no varejo da política."
Para o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o presidente Lula terá que pedir desculpas ao país se ficar comprovado que mentiu ao negar ter pedido para Mendes adiar o julgamento.
"Se for o caso, que peça desculpas à nação pelo ato impensado de coagir um ministro do Supremo e de envolver a questão do mensalão nisso tudo. Acredito que o próprio ministro Gilmar Mendes tenha procurado a imprensa, tenha exteriorizado o que vinha sentindo, pela pressão, porque isso é comandado pelo PT."
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse ser solidário a Mendes, com quem conversou nesta quarta-feira por telefone.
"Sou de uma escola política, se posso assim chamar, que preza muito a liturgia dos cargos. É muito importante que o cidadão perceba com muita clareza que aquele que ocupa, mesmo que circunstancialmente, alguma função ou mesmo dela se veja despido pelo final do seu mandato, tenha um enorme respeito por aquele cargo", afirmou ao referir-se a Lula.
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