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Estiagem e quebra de safra elevam preços dos alimentos, diz IBGE
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PEDRO SOARES
DO RIO
Apesar da desaceleração da inflação geral, os preços dos alimentos estão pressionados por conta da quebra da safra influenciada pelo clima desfavorável, com estiagem em várias regiões produtoras, como o Sul, o Centro-Oeste e o Nordeste.
"Os aumentos ocorreram por causa da menor oferta no mercado interno, provocada pelos problemas climáticos. Diante disso, os preços [dos alimentos] subiram [de 0,51% em abril para 0,73% em maio] apesar da queda das commodities no mercado internacional", explica Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Inflação perde força em maio e desacelera para 4,99% em 12 meses, diz IBGE
Segundo Eulina, muitas lavouras importantes como soja, feijão e arroz tiveram quebra de safra --cujas estimativas do IBGE apontam para reduções de 10,2%, 12,4% e 13,5%, respectivamente.
Tal cenário negativo no campo rebateu nos preços ao consumidor. O feijão carioca, o mais consumido no Brasil, aumentou 10,02% em maio, acumulando alta de 58,36% no ano. O óleo de soja subiu 3,64% no mês e 9,72% de janeiro a maio. Já o arroz teve alta de 2,11% em maio e 5,5% no ano. Todos subiram mais do que o IPCA acumulado de janeiro a maio (2,24%).
O grupo alimentação é o de maior peso no índice, com participação de 23% na cesta de consumo das famílias. "A inflação em maio só não foi mais baixa por causa do repique dos alimentos."
Por outro lado, os transportes, segundo grupo de maior importância (peso de 20%), segurou a inflação em maio e no acumulado (alta de apenas 0,04%) com a maior oferta de álcool (queda de 2,80% no ano), que ajudou a reduzir também os preços da gasolina (-1,42% no ano). Também recuaram de janeiro a maio passagens aéreas (-7,02%) e automóvel novo (-1,29%).
SERVIÇOS
Diante do cenário de desaceleração da economia e do maior endividamento das famílias, os preços dos serviços subiram apenas 0,21% em maio, abaixo do IPCA do mês e da taxa de abril (0,76%). Foi a menor variação desde outubro de 2009 (0,16%).
No acumulado do ano, porém, o conjunto desses itens de consumo ainda registra alta de 3,95% no ano, mais do que os 2,24% do IPCA.
Para Eulina, a freada dos serviços pode estar ligada à menor disposição das famílias em consumir com a inadimplência mais alta, mas reflete também uma "saturação dos preços", que já subiram muito, tornando muitos serviços caros e afastando consumidores.
Em maio, muitos serviços registraram queda como pacote de viagens (-4,81%), mudança (-3,46%), motel (-6,72%), hotel (-0,25%) e boate (-0,40%).
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