Deputada quer que Abin explique monitoramento de Dilma no governo Sarney

Integrante da Comissão de Direitos Humanos, a deputada Érika Kokay (PT-DF) vai apresentar requerimento à Mesa Diretora da Câmara pedindo informações à Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sobre o monitoramento da presidente Dilma Rousseff pelo governo de José Sarney (1985-90), atual presidente do Senado.

A Folha revelou na edição desta quinta-feira (21) que documentos abertos mostram que Dilma foi monitorada não apenas durante a ditadura militar (1964-85), quando foi presa e torturada, mas em todo o governo Sarney.

Dilma foi monitorada pelo SNI durante governo Sarney

Para a deputada, a reportagem evidencia que a ruptura do regime militar não foi imediata e reforça a necessidade de esclarecimentos por parte da Comissão Nacional da Verdade dos efeitos e impactos do regime.

"É importante que a Abin se posicione sobre essa informação. Esse é um dado importante para que a gente tenha exata noção que não houve o fim formal da ditadura. Enquanto não se fechar seus ciclos, vamos nos deparar com pedaços dela ao longo do caminho."

É praxe na Câmara que a Mesa Diretora encaminhe esse tipo de requerimento ao órgão, que terá um prazo de 30 dias para apresentar seus esclarecimentos.

Para a coordenadora da Comissão da Verdade, Memória e Justiça da Câmara, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), é "absurdo" que o governo Sarney tenha mantido o monitoramento de quem resistiu ao regime pelo SNI (Serviço Nacional de Informações).

"O Brasil ainda não passou a limpo sua história. Fatos como esse mostram a necessidade urgente de se conhecer o que de fato ocorreu nesse período sombrio até para analisarmos se, inclusive, não existem sobreviventes desse regime atuando e monitorando movimentos sociais, partidos e cidadãos nos dias atuais", afirmou.