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12/07/2012 - 04h00

Senador caiu porque feriu a ética corporativa do Congresso

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ALAN GRIPP
SECRETÁRIO-ASSISTENTE DE REDAÇÃO

A cabeça de Demóstenes Torres rolou não porque o Senado se convenceu de que ele fez o papel de despachante de luxo de Carlinhos Cachoeira no Congresso. Tampouco por mentir, ser amigo do contraventor ou por ganhar dele rádio, fogão e geladeira.

Demóstenes foi cassado porque tentou parecer ser o que não é, como uma versão parlamentar do velho xampu Denorex, aquele que vendia mais porque parecia remédio.

Eleito em 2002, ele saiu do ostracismo com a retórica do dedo em riste. Assumiu o papel de promotor legislativo, atacando colegas enquanto chafurdavam na lama de escândalos e municiando a imprensa contra eles.

Foi implacável com medalhões como José Sarney e Renan Calheiros (ambos do PMDB) e com colegas de seu ex-partido, o DEM, como o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.

Por mais que tenha tido papel relevante na apuração de casos rumorosos, feriu mortalmente a ética própria e corporativista do Congresso.

É por isso que, ao surgirem os primeiros vestígios da amizade de Demóstenes com Cachoeira, políticos conhecedores da lógica interna do Legislativo já davam como certa a sua cassação. (Embora não deixe de ser surpreendente o sonoro placar de 56 a 19 para uma votação secreta).

"A opinião já estava formada, essa é uma página virada", decretou Sarney, não à toa, ao fim da sessão.

Demóstenes agora é passado. O que fica é a conclusão de que este foi um caso diferente. E que o Senado não teve um arroubo ético. Parlamentares mais enrolados que ele continuarão a se salvar.

Ontem não teria feito a menor diferença. Mas, para esses casos, o único antídoto continua a ser o constrangimento do voto aberto.

 

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