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26/08/2012 - 05h30

Candidato a vice de Paes vive em favela controlada por tráfico

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ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Após seis mandatos, o vereador Adilson Pires (PT), 53, saiu da oposição, virou líder do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), na Câmara, e acabou sendo escolhido vice na chapa do prefeito que tenta a reeleição.

Apesar da ascensão política, o petista não saiu de onde cresceu: a favela Vila Aliança, na zona oeste da cidade. Não pacificada, a comunidade é considerada uma das mais violentas do Rio.

Até dois anos atrás, ele morava a 50 metros da boca de fumo mais movimentada da favela, onde homens armados vendem e consomem drogas e troncos de árvores e muretas na rua evitam a aproximação de carros.

A Folha visitou o local acompanhada do presidente da associação de moradores da comunidade, Ricardo Ananias - Pires não quis acompanhar a visita da reportagem à favela.

GRADES

"Fui criado ali, minha família e meus amigos estão ali. Sinto compromisso de não abandonar essas pessoas", declarou o vereador.

Segundo ele, "ninguém pode achar natural conviver com isso [pessoas armadas]. Mas tenho confiança no governo de que participo. Estamos criando as condições para garantir a política de pacificação em curso", disse o candidato a vice-prefeito.

Atualmente Pires mora em um pequeno condomínio gradeado na favela.

No local vivem também sua mulher, sua mãe, um filho e uma irmã -que é professora de escola municipal na favela. Ele tem outro filho e mais dois irmãos.

"Vivo todas as contradições que você pode imaginar", declarou o vereador, questionado sobre eventual cobrança da irmã por melhorias salariais para professores do município. "Quando nos encontramos, não conversamos sobre política", explica o candidato.

PRESENÇA DISCRETA

O petista tem presença discreta na campanha de Paes. Acompanha algumas agendas, mas só aparece nas faixas produzidas por candidatos a vereador do PT.

Embora o programa de Paes ocupe mais da metade do horário eleitoral (16 minutos dos 30 disponíveis), Pires ainda nem foi apresentado no programa de TV de sua chapa -diferentemente do que ocorreu com o músico Marcelo Yuka (PSOL) e a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), candidatos a vice dos adversários Marcelo Freixo (PSOL) e Rodrigo Maia (DEM).

Pires é apontado por seus adversários e correligionários como um "vereador ideológico". Acabou sendo escolhido após pressão do PT para garantir a presença na chapa liderada pelo PMDB. Se for eleito -no mês passado, Eduardo Paes tinha 54% das intenções de voto na pesquisa Datafolha-, Pires substituirá o atual vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz (PMDB).

O BANHO DE LULA

Fundador do PT, recebeu em sua casa, na campanha presidencial de 1994, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não pôde tomar banho em razão da falta d'água. Lula teve de tomar banho com um balde.

Pires chegou à Vila Aliança durante a política de remoções de favelas da zona sul no governo do udenista Carlos Lacerda (1961-1965).

Aos dois anos, saiu do morro do Pasmado, em Botafogo (zona sul), para a favela, antes um bairro proletário urbanizado, tal qual a conhecida Cidade de Deus.

O reassentamento de moradores que vivem em áreas de risco é um dos temas de críticas a Paes. "Não aceito esse tipo de remoção [do governo Carlos Lacerda]. Mas é responsabilidade da prefeitura cuidar da vida das pessoas e ela respeita a Lei Orgânica do município", disse.

 

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