Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
31/08/2012 - 03h15

Questões de Ordem: Sensações de isolamento

Publicidade

MARCELO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Depois do voto relampejante de Cezar Peluso, na sessão de anteontem, as coisas ficaram um tanto mornas no julgamento do mensalão. Ainda na quarta-feira, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello jogaram a pá de cal nas expectativas de João Paulo Cunha.

Apesar das muitas queixas contra o "juridiquês" no tribunal, o fato é que, de todos os ministros, apenas Gilmar Mendes teve um pronunciamento de difícil compreensão para o público leigo.

Maioria do STF condena João Paulo também por lavagem de dinheiro
João Paulo avisa a aliados que anunciará retirada da candidatura hoje
Maioria do Supremo condena deputado João Paulo Cunha por mensalão
Veja o que dizem as defesas dos réus no mensalão

Com sua habitual voz queixosa, enfileirou uma série de referências a decisões anteriores do tribunal, para reafirmar afinal de contas o que já não precisava muito ser discutido: a culpa de João Paulo Cunha nos crimes de corrupção passiva e peculato.

Como o aspecto fatual do caso já tinha sido exaustivamente exposto por todos os ministros, e brilhantemente resumido por Cezar Peluso, a argumentação de Gilmar Mendes incidiu sobre pontos esparsos.

O que havia a ser registrado, sobretudo, é a consolidação de um "bloco condenatório" nesse julgamento. Havia dúvidas quanto à tendência geral de Gilmar Mendes, Celso de Mello e Marco Aurélio.

Mas o dominó condenatório não foi interrompido. Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli ficaram isolados neste primeiro item do julgamento.

A sensação chegou perto do desconforto quando Ayres Britto, no começo da sessão de ontem, resolveu fazer uma "proclamação provisória" dos resultados. Provisória porque a acusação de lavagem de dinheiro ainda não foi confirmada por Rosa Weber; deixa o assunto para momento posterior.

O ministro Ayres Britto não se estendeu sobre o tema, o único em que houve divergência mais importante no interior do "bloco condenatório". De todo modo, acompanhou a acusação, formando já a maioria do corte também nesse artigo do Código Penal.

Seja pelos réus, seja pela tecnicalidade do assunto, o item seguinte do processo é menos palpitante. Joaquim Barbosa começou a ler seu voto sobre as acusações de gestão fraudulenta contra os dirigentes do Banco Rural.

Ainda assim, o que ele relata é de deixar os cabelos em pé. Empréstimos foram concedidos às empresas de Marcos Valério sem que constassem, nos cadastros do Banco Rural, dados básicos sobre sua saúde financeira.

Laudos e mais laudos periciais apontaram problemas e irregularidades desse tipo. O próprio Marcos Valério superestimou seus rendimentos anuais, em contradição com sua própria declaração de renda, para dar aparência de solidez aos seus pedidos de empréstimo.

É o que diz Joaquim Barbosa, com longas citações de resoluções do Banco Central, de laudos, portarias, circulares e o que mais se desejar. A esta altura, enevoa-se a memória do que disseram em contrário os advogados de defesa. Talvez Lewandowski e Toffoli refresquem os argumentos quanto a isso.

A menos que, depois destes dias de isolamento, reservem para réus mais importantes a força de suas convicções.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página