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Revisor do mensalão vota por condenar Roberto Jefferson por corrupção passiva
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DE BRASÍLIA
Revisor do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Ricardo Lewandowski votou nesta quarta-feira pela condenação do ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, pelo crime de corrupção passiva e o absolveu da acusação de lavagem de dinheiro.
O ministro afirmou que Jefferson admitiu ter recebido R$ 4,5 milhões do esquema.
Revisor condena José Borba por corrupção e absolve de lavagem
Em 2005, em entrevista à Folha, Jefferson disse que o PT, sob o comando do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, havia organizado um esquema de distribuição de recursos para compra de apoio no Congresso.
Acusado de não ter provado a acusação, além de ter recebido dinheiro, Jefferson teve o mandato cassado pela Câmara em 2005.
"Tenho como comprovada a participação de Jefferson no recebimento indevido. O réu cometeu o crime de corrupção passiva. Lavagem não restou na espécie, pelas razões já expostas anteriormente", disse o ministro.
Lewandowski disse ainda que Jefferson, com aquela franqueza que o caracterizou, confessou em depoimento à polícia que recebeu dinheiro de Marcos Valério.
"Jefferson, diante de juiz federal confirmou as mesmas alegações que fez na Polícia Federal. De forma um tanto quanto ressentida, Jefferson diz que essa relação, que era boa entre os partidos, passou a sofrer abalo porque dos R$ 20 milhões somente R$ 4 milhões foram repassados. Daí que veio a público e denunciou o esquema", afirmou.
O ex-deputado nega ter participado do esquema e diz que dinheiro se devia a acordo eleitoral com o PT.
Apesar de ainda não estar em análise a acusação de corrupção contra a cúpula do PT, incluindo José Dirceu, o ministro deixou claro que pelo menos o ex-tesoureiro Delúbio Soares deverá ser condenado. Dizendo que Marcos Valério "entrou no circuito" e, em depoimento à Justiça, disse que Delúbio era quem mandava distribuir os recursos.
PROVOCAÇÕES
Em mais uma demonstração de clima tenso no julgamento, o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, protagonizaram nesta quarta-feira uma segunda troca de farpas, desta vez na discussão sobre a denúncia contra réus ligados ao PTB.
As provocações ocorreram depois que o revisor disse que os R$ 4,5 milhões do esquema destinado ao PTB também foram para questões pessoais. Ele apontou o caso de uma funcionária do PTB de nome Patrícia, que precisava de R$ 200 mil e que pediu ao pai para buscar os recursos em Minas Gerais. O dinheiro seria para a compra de um apartamento.
"Para mostrar como o processo penal é rico em detalhes, é cheio de vida. E mostrar que esse dinheiro não financiou apenas campanha, e nem suposta compra de votos, mas se prestou a amparar uma ex-namorada, está nos autos. Veja como a realidade é rica", disse Lewandowski.
Barbosa discordou: "Nós nunca vamos saber qual é a verdade. É uma versão como outra qualquer".
E o revisor ironizou: "O que faço então, rasgo o depoimento?".
O relatror rebateu. "O que tiro disso é que a utilização do dinheiro da corrupção teve fim concreto, privado ou não, saber da Patrícia não interessa. [...] Aliás, se a Patrícia tivesse nível social mais elevado, o nome dela sequer seria mencionado aqui."
"Se fosse assim, Geysa Dias [funcionária de Marcos Valério] e Ayanna Tenório [Banco Rural] seriam condenadas", respondeu Lewandowski. A fala é uma provocação a Barbosa que defendeu a condenação das acusadas, que foram inocentadas pelo plenário.
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