Ayres Britto nega frustração por deixar STF antes do fim do julgamento do mensalão

A seis dias de deixar a Presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Carlos Ayres Britto afirmou que não fica frustrado de deixar a Corte sem concluir o julgamento do mensalão. Ele disse ainda que não "perdeu a viagem" como ministro do Supremo e que está "virando uma página com alegria".

Ao completar 70 anos no próximo dia 18, Ayres Britto se aposenta. Ele comanda amanhã sua última sessão no Supremo. A análise do mensalão, que já dura mais de três meses, foi o principal processo da gestão do ministro.

Relator do mensalão diz que condenados não terão direito a cela especial

Sergio Lima - 6.set.12/Folhapress

O presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto, durante sessão de julgamento do mensalão

"Não é que eu gostaria de encerrar [o processo do mensalão]. Eu queria tocar o processo num ritmo compatível entre presteza e segurança. Presteza é elemento temporal e segurança é elemento técnico. E, se não der tempo, o ministro Joaquim [Barbosa] proclamará e isso não me frusta absolutamente em nada", disse.

O ministro afirmou que se preocupou em fazer um julgamento dentro de toda legalidade. "Eu não queria incidir, como de fato não incorri, em açodamento, em pressa, porque prejudicaria a segurança do julgamento".

O presidente do Supremo disse ainda que sai da corte com sentido de dever cumprido. "Estou virando uma página e estou fazendo com alegria. Não perdi minha viagem como ministro do Supremo porque dei o máximo de mim, fiz tudo com devoção, com alegria, com amor, responsabilidade. E isso me deixa extremamente feliz. Saio sem nenhuma nostalgia, sem nenhuma tristeza, quanto menos com mágoa ou rancor".

Ayres Britto está no Supremo desde junho de 2003. Foi relator de ações como a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias, a derrubada da Lei de Imprensa e o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo.