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'Vou virar réu por ter sido honesto', afirma delator do caso
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MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
Cyonil Borges, o autor das informações iniciais que resultaram na Operação Porto Seguro, está desencantado com a inclusão do seu nome entre os acusados de corrupção passiva pelo Ministério Público Federal.
Em entrevista à Folha ele diz: "Eu poderia ser o novo herói do Brasil se mentisse. Mas fui honesto demais e contei toda a história, com os erros que cometi. Vou virar réu por ter sido honesto".
Ministério Público denuncia Rosemary Noronha e mais 23 na Porto Seguro
Ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Cyonil recebeu uma oferta de R$ 300 mil de Paulo Vieira para escrever um parecer, levou R$ 100 mil, arrependeu-se e delatou o suposto esquema de venda de pareceres jurídicos à Polícia Federal.
Após ser acusado de corrupção, ele diz não saber se faria tudo de novo. "Se eu pudesse voltar no tempo, não sei se eu denunciaria. É muita sacanagem comigo. Sou a ponta mais fraca dessa história. Vão condenar só os escalões subalternos."
A decisão da procuradora Suzana Fairbanks, segundo ele, servirá como um desestímulo aos servidores públicos que gostariam de relatar episódios de corrupção.
Cyonil diz que, além de desconsiderar as informações de um delator, o Ministério Público Federal pode ter cometido um erro estratégico ao acusá-lo de corrupção passiva. "Como testemunha, eu teria de falar a verdade. Como réu, posso mentir, me calar."
Ele diz que se sente injustiçado porque forneceu todas as informações para a PF, inclusive as que eram negativas para a sua imagem.
Além de ter entregue R$ 100 mil a Cyonil, Paulo Vieira obteve um documento falso de uma faculdade de Dracena, com o qual o ex-auditor eliminou cinco disciplinas que faltavam para concluir o curso de direito.
"Fui eu que avisei a PF sobre essa irregularidade no curso de direito", diz Cyonil.
Ele refuta a hipótese de que só delatou o esquema porque só lhe pagaram R$ 100 mil dos R$ 300 mil prometidos. "Se eu tivesse levado um golpe, teria ficado quieto. É o que todo mundo faz."
Editoria de arte/Folhapress | ||
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