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25/02/2013 - 09h33

Araponga contradiz depoimento de assessor de Agnelo à CPI

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RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

O ex-agente do serviço secreto da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, contradisse um trecho importante do depoimento prestado à CPI do Cachoeira pelo atual secretário extraordinário da Copa 2014 do Governo do Distrito Federal, Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT-DF).

Na semana passada, Dadá afirmou à Folha, em entrevista exclusiva, que partiu de Monteiro uma ordem para quebrar sigilo de e-mails de críticos e de um ex-secretário do Governo do DF. Suas afirmações corroboram um relatório da Polícia Federal, que também havia apontado para Monteiro.

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Assista e leia a íntegra da entrevista

Dadá passou cerca de 90 dias preso no ano passado por acusações apuradas na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigou o grupo ligado ao empresário de jogos Carlinhos Cachoeira e levou à cassação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Dadá foi condenado em primeira instância pela Justiça de Goiás a 19 anos de reclusão pelos crimes de corrupção ativa e violação de sigilo funcional, mas recorre da sentença em liberdade.

Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi criada no Congresso para investigar Cachoeira e seu grupo. Gravações telefônicas feitas com ordem judicial mostraram Dadá e outras pessoas se referindo a Claúdio Monteiro. Em meio ao escândalo, Monteiro deixou a chefia de gabinete de Agnelo.

Monteiro compareceu em junho à CPI. Ele foi indagado diretamente pelo relator da comissão, deputado federal Odair Cunha (PT-MG), se já havia se encontrado "em algum momento" ou tido "alguma relação" com Cachoeira. Monteiro disse que não. Cunha insistiu: "Mas o senhor nunca se encontrou com ele?" Monteiro repetiu: "Não, senhor". Minutos depois, o relator voltou ao tema: "O senhor nunca esteve com ele em nenhum momento?" Novamente Monteiro negou.

Esse ponto do depoimento foi importante para arrefecer os ânimos da oposição na CPI contra o assessor de Agnelo. Ao final do depoimento, Monteiro chegou a ser aplaudido e elogiado por parlamentares da base aliada e da oposição.

Ao final da CPI, o relatório de Odair Cunha não incluiu Monteiro como um dos indiciados. Mas o relator o inseriu numa lista de pessoas cujas atividades deveriam ser mais investigadas. O relatório final da CPI não aprovou nenhum indiciamento, pois o relatório de Cunha acabou rechaçado pela maioria dos parlamentares.

Quase oito meses depois do depoimento de Monteiro à CPI, o ex-agente Dadá agora apresenta uma versão à Folha que se choca com o alegado distanciamento de Monteiro de Cachoeira.

Segundo Dadá, ao longo da campanha eleitoral de 2010, na qual Monteiro foi candidato derrotado a deputado distrital, o então chefe de gabinete de Agnelo "cobrou várias vezes" um encontro com Cachoeira.

Por volta de setembro de 2010, segundo Dadá, Cachoeira estava em Brasília e Monteiro e um seu auxiliar "ligaram constantemente, cobrando esse encontro".

Dadá disse que telefonou para Cachoeira, que naquele momento almoçava com empresários na churrascaria Fogo de Chão, no setor hoteleiro sul de Brasília, e obteve um sinal verde para a conversa.

Dadá disse que então deu um retorno a Monteiro, confirmando o encontro, foi pega-lo em seu próprio carro no final da Asa Norte, onde ele participava de um encontro político, e o levou até o restaurante.

"O Cláudio largou tudo e veio se encontrar comigo. Levei ele até a mesa do Cachoeira na [churrascaria] Fogo de Chão. Eles almoçaram juntos, eu fiquei numa mesa separada. E eles conversaram bastante. Então não procede essa informação de que ele não conhece o Cachoeira", afirmou Dadá à Folha.

Procurado pela Folha, o empresário Carlos Cachoeira preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Em entrevista concedida à Folha na última quinta-feira em seu escritório no canteiro de obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, Monteiro voltou a negar ter se encontrado alguma vez com Cachoeira ou seus representantes. Afirmou ainda que nunca pegou carona no carro de Dadá e não foi levado por ele nenhuma vez ao restaurante Fogo de Chão.

Monteiro disse que se Dadá tivesse falado à CPI --ele se manteve em silêncio com apoio de uma ordem judicial--, gostaria de ter sido acareado na comissão.

O secretário exibiu ainda uma carta escrita por Dadá na época da prisão na qual descreveu Monteiro como um "exemplo de homem público". Monteiro afirmou que foi investigado em várias instâncias, mas nenhuma irregularidade foi encontrada.

 

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