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Lula sabe que Dilma está longe de empolgar
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VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
"Eu mudei de nome e vou colocar Dilma lá na cédula." A frase do presidente Lula talvez seja a que melhor sintetize o clima da convenção petista que oficializou a ex-ministra candidata.
Num encontro previsível, com uma militância comportada e ensaiada, o roteiro buscou fazer de Dilma a personagem principal do evento, mas quem roubou a cena foi o presidente.
Numa fala de improviso, Lula disse que o "bicho vai pegar", para delírio da plateia. Longe do palco, sentado entre os militantes, Gilberto Carvalho, seu chefe de gabinete, traduziu a fala do chefe.
"Ele vai entrar pesado na campanha depois da Copa do Mundo. Vai estar à disposição da equipe de Dilma à noite e nos finais de semana. Não vai descansar."
Em outras palavras, Lula vai grudar sua imagem mais do que nunca em Dilma. Tanto que o eleitor realmente pode votar na petista pensando estar dando ao presidente um terceiro mandato.
Quem acompanhou a convenção entenderá bem as razões de Lula. Além do seu desejo de fazer o sucessor, ele sabe que sua criatura, mesmo tendo melhorado muito, está longe de empolgar.
Seu discurso foi longo, ainda num tom monocórdico, deixando a militância sonolenta. Não só ela, mas toda a mesa do evento.
Enquanto Dilma discursava, Lula conversava com sua mulher, Marisa Letícia. Chegou até a bocejar. O peemedebista Michel Temer, seu vice, estava com o olhar perdido. A seu lado, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, buscava amigos na plateia.
Com certeza, viu colegas como José Dirceu e os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) aproveitarem o momento para tirar fotos com militantes.
Eles sabiam que tudo seguia um roteiro feito para ser filmado e mostrado nos programas de TV. O tom enfadonho de Dilma ganhará ares de entusiasmo graças a uma boa edição.
A militância comportada vai parecer a dos velhos tempos do PT. Treinada antes do evento, seguiu os comandos dos animadores para produzir imagens para a equipe de marketing.
Uma militância, por sinal, formada na maior parte por mulheres. Grupo em que Dilma não tem desempenho satisfatório nas pesquisas.
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