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Anastasia ignora "Dilmasia" e diz que provará que seu candidato é Serra; leia entrevista
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ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), candidato à reeleição, afirma que, apesar de ver com naturalidade a defesa da dobradinha "Dilmasia", provará nos palanques que seu candidato é o tucano José Serra.
Anastasia esteve nesta semana nos EUA para assinar contratos de empréstimos de quase US$ 600 milhões com o Banco Mundial e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Em entrevista à Folha anteontem, afirmou que sua campanha terá "toda a cautela" para evitar superexposição do padrinho político, o ex-governador tucano Aécio Neves, diante do eleitorado: "O candidato sou eu".
Depois de meses de especulação sobre a participação de Aécio na chapa de Serra, ainda é alvo de desconfiança o apoio do tucanato mineiro ao candidato paulista ainda é alvi de desconfiança.
Anastasia confirmou o foco na continuidade e na inexperiência --duas similaridades de sua campanha com a de Dilma Rousseff.
Cerca de 20 pontos atrás nas pesquisas do principal rival pelo governo, o senador Hélio Costa (PMDB), afirmou ainda que o maior desafio é vencer o desconhecimento de seu nome, que em algumas regiões chega a 40%.
FOLHA - Como o sr. vê a chamada "Dilmasia" no Estado?
ANTONIO ANASTASIA - O que acontece é que em Minas temos bases políticas dos governos federal e estadual que se interligam. Além dos partidos da minha coligação [PSB, PDT, PR, PSC] que apoiam Dilma no nível federal, e há por outro lado há lideranças municipais, principalmente do PT e do PMDB, que apoiam meu nome. Isso aconteceu na eleição de Aécio em 2006 também. Esse nome [Dilmasia] surgiu mas tenho deixado claro que nosso candidato é o governador Serra, e vamos tentar convencer os outros partidos disso. Bem, os partidos têm seus compromissos, mas vamos convencer os eleitores. É difícil fazer uma previsão do que vai acontecer durante a campanha. Temos que nos preocupar em organizar o nosso lado. A base política foi a primeira etapa. Agora estamos na concepção da propaganda. Depois temos que lançar meu nome ao lado do do Serra pelo Estado. Na urna, a decisão será do eleitor, não há mecanismo político aí.
O sr. e Aécio se engajarão na campanha de Serra?
Claro, temos comícios, eventos, propaganda na TV, tudo. Eu e governador Aécio o apoiaremos. Vamos aparecer os três nos palanques tanto quanto possível. Não serão em todos, porque Serra tem que dar atenção país inteiro. Mas nos grandes eventos ele estará lá (...) É natural que num primeiro momento tenha havido frustração. Todos nós manifestamos o desejo de ter Aécio [candidato a presidente]. Mas ele próprio achou melhor não ser candidato agora. Então o que temos de fazer é fortalecer o partido. Essa desconfiança só tem uma solução: trabalhar muito [para Serra] ganhar a eleição em Minas.
Uma chapa puro-sangue do PSDB não teria sido melhor para o Serra?
Aí já passamos para as conjecturas. Uma eleição presidencial passa necessariamente por uma composição partidária. De fato tinha que haver uma composição com o DEM, e o nome do deputado Índio da Costa é um nome bom. Ele é jovem, animado. Sou a favor da renovação, até porque eu também represento isso, sou um nome relativamente novo.
Como Dilma, esta será também a primeira eleição em que o sr. encabeça a chapa. Como lida com a inexperiência?
Esse é um fato que não me espanta. Na história recente de Minas isso ocorreu várias vezes. A questão mais importante não é experiência eleitoral, e sim capacidade de trabalho, de convencimento e sensibilidade. Senão ninguém poderia entrar na política. Essa abertura não é desabonadora nem para ela nem pra mim.
Como enfrentar o desconhecimento de seu nome?
Esse é um grande desafio, é de fato aquilo que nos inibe. O desconhecimento em algumas regiões chega a 40%. Por um lado isso é bom porque não há rejeição. Mas temos que trabalhar muito na campanha, com TV e rádio, para reverter o desconhecimento nos próximos três meses. Temos 60% do horário eleitoral gratuito e uma estrutura política muito boa, com 12 partidos [na coligação], três quartos da Assembleia, mais de 600 prefeitos. É um volume político muito forte. E pode ser até um problema bom, pois ao enfim me identificar com o ex-governador Aécio, o eleitor vai saber que a continuidade não é por pessoa, mas por projeto.
O sr. teme um repeteco da rejeição inicial ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que quase perdeu a eleição por ser visto como um desconhecido apoiado apenas na popularidade do ex-prefeito Fernando Pimentel (PT-MG) e de Aécio?
O que especialistas apontam é que teria havido um excesso por parte dos apoiadores de Lacerda, tanto Pimentel quanto Aécio. O próprio candidato apareceu pouco. Nós vamos tomar todas as cautelas. Mas é diferente, pois eu já sou governador do Estado. Claro que o apoio de Aécio é fundamental. Temos um grupo político no qual de maneira clara ele é o líder. Temos que mostrar que há uma transferência, mas também que eu tenho qualidades e condições de fazer um bom governo, como já venho realizando, mostrando à população que essa continuidade se daria melhor comigo. O ex-governador é o fiador dessa continuidade. É evidente que as pessoas têm que confiar no candidato (...), e o candidato sou eu.
O fato de o PT acabar entrando com o vice [Patrus Ananias] na principal chapa opositora [de Hélio Costa] ajuda a sua campanha?
A composição da oposição ficou mesmo parecendo uma espécie de intervenção. Isso foi visível com relação ao PT. Isso torna o processo, digamos, não natural para Minas. Então uma composição que no fim quis atender muito mais a interesses da eleição nacional do que do Estado pode ser recebida com cautela e até certo repúdio no Estado. Mas vamos esperar para ver os desdobramentos na campanha.
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