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OAB fará homenagem a secretária morta por carta-bomba em 1980
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MARCELO BORTOLOTI
DO RIO
Há 30 anos uma carta-bomba endereçada ao então presidente da Ordem do Advogados do Brasil, Eduardo Seabra Fagundes, explodiu no Rio, matando sua secretária, Lyda Monteiro. O atentado, que até hoje não foi esclarecido, será lembrado pela entidade hoje às 13h40, horário exato da explosão.
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O crime ocorreu durante o governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985), já na abertura do regime militar. A ordem suspeita que tenha sido planejado por radicais das Forças Armadas, contrários ao abrandamento da ditadura, defendida pela OAB.
Outras duas bombas explodiram naquele mesmo dia, na Câmara Municipal do Rio e na sede do jornal "Tribuna da Luta Operária".
A série de atentados culminaria no ano seguinte com a explosão de uma bomba no estacionamento do Riocentro, durante um show comemorativo do 1º de maio. Nela, o sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu e o capitão Wilson Dias Machado ficou gravemente ferido. Os dois estavam no carro onde a bomba explodiu.
Nenhum dos casos foi esclarecido. Em tese, os arquivos que podem conter informações sobre estes crimes já estariam abertos à consulta, uma vez que a lei 8.159, de 1991, determina que documentos sigilosos do governo podem ser acessados depois de 30 anos.
A OAB alega que as Forças Armadas não disponibilizaram todos os documentos da época. Os militares dizem que os arquivos não existem ou foram incinerados.
Em 2008, a entidade entrou com uma ação no Superior Tribunal Militar, pedindo apuração dos responsáveis pelo sumiço dos papéis, e ainda aguarda julgamento.
A homenagem de hoje é um alento para o filho de Lyda, Luiz Felippe Monteiro Dias, um advogado de 54 anos, que desde 1980 luta para descobrir quem remeteu a carta que explodiu nas mãos de sua mãe.
Dias recebeu indenização de R$ 100 mil da Comissão de Mortos e Desaparecidos, e hoje ganha pensão mensal de R$ 700 reais. Ele tem outro processo na Comissão de Anistia, aberto em 2005, no qual alega ter sido também perseguido pelo regime.
O processo deve ser apreciado no início do ano que vem. "Isto não vai mudar em nada meu comportamento em relação à verdade. Tenho o direito de saber quem matou minha mãe", diz.
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