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Mais de 1,2 mil cidades irão transmitir votos via satélite
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DE SÃO PAULO
A distância dos grandes centros e das sedes das zonas eleitorais não será causa de atrasos na totalização dos resultados das eleições de outubro.
Neste ano, eleitores de mais de 1,2 mil locais de votação espalhados por cerca de 400 municípios de 13 estados brasileiros depositarão seu voto na urna eletrônica e os respectivos resultados serão transmitidos para a totalização por meio de transmissão via satélite.
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As localidades que contarão com essa tecnologia foram escolhidas em virtude da distância, do difícil acesso e da escassez ou inexistência de sistemas capazes de promover comunicação rápida e de qualidade.
Diversos desses locais, em certas épocas do ano, tornam-se intransitáveis, seja por terra ou água. Para se chegar a muitos deles, é necessário utilizar vários meios de transporte, levando até mesmo dias.
Como a celeridade no processo eleitoral - incluindo a apuração e a totalização dos resultados -, é uma das metas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), estabeleceu-se que nas localidades distantes, cujos percursos levam mais de três horas, os dados das urnas eletrônicas para a totalização dos votos serão transmitidos via satélite. Basta ter o equipamento de transmissão e um laptop, por exemplo.
A tecnologia estará disponível em comunidades quilombolas, aldeias e reservas indígenas, assentamentos, colônias e vilarejos mais isolados dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia e Roraima.
Nessas localidades, os votos computados pela urna eletrônica serão enviados via satélite para o Tribunal Regional Eleitoral de cada estado. A partir daí, os dados entrarão em uma rede de comunicação de uso restrito, serão recebidos e totalizados. A Justiça Eleitoral então fará um check-list e totalizará os resultados para então serem divulgados.
Segundo o presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, o objetivo é promover a inclusão política de todos os cidadãos brasileiros. "A Justiça Eleitoral tem esse grande papel de incluir o cidadão brasileiro no processo político. Por mais remota que seja a comunidade, por mais afastado que esteja o eleitor, nós vamos buscar esse voto", afirma.
DIFÍCIL ACESSO
Duas das localidades de mais difícil acesso no estado do Amazonas contarão com a transmissão via satélite nestas eleições. Sem a tecnologia, a totalização dos resultados levaria dias. Para se ter uma ideia, para chegar a Foz de Canumã, no município de Borba, leva-se oito horas de barco, mais uma hora de ônibus, 10 minutos de rabeta (tipo de barco com motor a hélice traseira), e duas horas de voadeira. O percurso até o Seringal Metaripuá, no Rio Purus, em Lábrea, demora seis dias de barco.
Em Goiás, no município de Cavalcante, a comunidade quilombola dos Calunga também utilizará o sistema de transmissão de dados via satélite, que chegará às localidades do Prata, Vão do Moleque, Riachão, Vão de Almas, São José Rocinha e Vermelho. Algumas delas ficam a cerca de 150 quilômetros da sede da zona eleitoral, só sendo alcançadas, depois de um trajeto por estrada não pavimentada, utilizando aeronaves e veículos de transporte fluvial.
Nos estados da Bahia e do Maranhão, também há lugares de acesso dificultado especialmente em determinados períodos do ano. Isso porque, mesmo próximos dos grandes centros, só se chega a eles pelo mar, o que deixa a população dependente da maré. Se ela está baixa, é praticamente impossível sair ou retornar a tais locais por água e terra.
Em Rondônia, o percurso até o Distrito de Calama, localizado na capital do Estado, Porto Velho, leva 14 horas de barco. Também é preciso, em alguns casos, percorrer longas distâncias por estradas intransitáveis para se chegar a certas seções eleitorais rondonienses, como a de Jacinópolis, em Guajará Mirim, distante 700 km da sede da zona eleitoral.
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