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Chapa de Serra tentou trocar Indio da Costa por vice experiente
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BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Em conversa reservada com José Serra (PSDB), o deputado Indio da Costa (DEM-RJ) admitiu ceder a vaga de vice a um político mais experiente em sua chapa à Presidência. Revelado agora, o diálogo ocorreu dias depois do primeiro turno.
Iniciativa de dirigentes das duas siglas, a operação foi cancelada quando advogados viram risco de impugnação da candidatura.
Nesta entrevista, Indio, 40, diz ter ajudado o tucano a avançar na "centro-direita" ao ligar o PT à guerrilha colombiana das Farc, afirma que Kassab é a "força maior" do DEM e que a vez de Serra "não passou".
Folha - Após o primeiro turno, aliados pressionaram para tirá-lo da chapa de Serra. Como o sr. reagiu?
Indio da Costa - Quando eu vi esse negócio nos jornais, encontrei com o Serra e disse que a vice era um cargo dele, e que ele tinha total liberdade para fazer o que quisesse.
Disse a ele: "Fique à vontade, que muito mais importante que eu ser vice é a gente ganhar a eleição."
Ele falou para eu não me preocupar com fofoca de imprensa, porque estava muito satisfeito e a gente ia continuar trabalhando junto.
Quem articulou a troca?
Não sei se foram setores que tentaram tirar o Indio da chapa, gente que estava enciumada... Para ser sincero, prefiro nem saber. Não sou uma pessoa vingativa.
O que me coube, fiz. Disse ao Serra: "Fique tranquilo, que da minha parte você não terá dificuldade em nada".
Sua presença incomodou?
Muito mais a políticos do Rio de Janeiro, que têm uma visão pequena do processo, que nacionalmente.
O sr. está falando do presidente do DEM, Rodrigo Maia?
É você que está dando nomes (risos). Pode ser gente do PSDB, do PPS...
Os candidatos proporcionais ficam dentro de uma bolha. Quem passa para uma eleição majoritária fura essa bolha. Poucos conseguem.
Suas declarações vinculando o PT às Farc atrapalharam?
Não. Aquilo contribuiu para trazer o eleitor de centro-direita, que não estava sendo disputado por ninguém. Eu sou um cara de centro, não sou de direita nem esquerda.
No fim foi positivo, porque a Dilma teve que ir para a televisão dizer que o PT de fato conversava com as Farc. Isso não é questão de esquerda nem de direita, é de polícia.
O senador Arthur Virgílio, ex-líder do PSDB, já foi apontado como interlocutor das Farc...
Não é verdade. O Arthur Virgílio recebeu as Farc uma vez, numa reunião. Eu não marquei reunião com as Farc. Se fosse chamado, ia com a Polícia Federal e prendia todo mundo.
Lugar de bandido é na cadeia, não em reunião. Vá a uma casa de classe média e pergunte. Se você é chamado para um papo com um traficante, você vai? Não vai!
A vez de Serra passou?
Com certeza, não. Ele tem 68 anos, é um garoto. Tem energia, é muito preparado, é um nome nacional. Dizer que passou a vez dele, isso não.
Não vou me meter no futuro do PSDB. Acho o Aécio Neves um ótimo nome, não tenho nada contra ele.
Agora, querer dizer que o Serra não tem energia, que acabou a vida dele... eu posso dizer que a energia dele é um negócio contagiante.
O DEM encolheu no Congresso e periga perder Kassab. É um partido em extinção?
Não. Seria fácil escolher candidatos com flexibilidade, que depois não fariam oposição. Kassab é a nossa figura maior. Farei todo o esforço para que ele se sinta confortável no partido.
Em 2008, o sr. quis disputar a Prefeitura do Rio, mas Cesar Maia escolheu Solange Amaral. Ele voltará a indicar o candidato do DEM em 2012?
Certamente não. Enquanto estava no cargo, ele transformou partido e prefeitura numa coisa só. Respeito muito o Cesar, mas agora a decisão será do partido.
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