Confira as sugestões de programas para Lou Reed aproveitar bem a estada na cidade

O cantor e compositor Lou Reed é nova-iorquino até a medula. Quando escreveu um de seus hinos, a balada "Perfect Day", enumerou na letra alguns programas para fazer na cidade, da manhã até a noite. Já que ele chega a São Paulo para dois shows no próximo fim de semana, no Sesc Pinheiros (com ingressos esgotados em pouco mais de uma hora de vendas), a sãopaulo sugere atividades locais para deixar o sisudo roqueiro feliz. E vestiu transeuntes incautos com o visual de Reed. Confira.

Perfect Day
Lou Reed

Just a perfect day
Drink sangria in the park
And then later when it gets dark
We go home

Just a perfect day
Feed animals in the zoo
Then later a movie too
And then home

Oh it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh such a perfect day
You just keep me hangin' on
You just keep me hangin' on

Just a perfect day
Problems all left alone
Weekenders on our own
It's such fun

Just a perfect day
You made me forget myself
I thought I was
Someone else, someone good

Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on

You're going to reap
Just what you sow

Dia perfeito
Lou Reed

Um dia simplesmente perfeito
Beber sangria no parque
E mais tarde, quando escurecer
Vamos pra casa

Um dia simplesmente perfeito
Dar comida aos animais no zoológico
E mais tarde um cinema também
E depois pra casa

Ah, é um dia tão perfeito
Fico feliz de ter passado esse dia com você
Ah, um dia tão perfeito
Você segura minha barra
Você segura minha barra

Um dia simplesmente perfeito
Os problemas todos deixados de lado
Passar o fim de semana sozinhos
É tão divertido

Um dia simplesmente perfeito
Você me faz esquecer de mim
Eu achei que era
Outra pessoa, uma pessoa boa

Ah, é um dia tão perfeito
Fico feliz de ter passado esse dia com você
Ah, um dia tão perfeito
Você segura minha barra
Você segura minha barra

Você vai colher
Exatamente aquilo que semeou

Lou Reed's Metal Machine Trio
Sesc Pinheiros: r. Paes Leme, 195; tel.3095-9400; 20/11 às 21h30 e 21/11 às 18h30; classificação: 12 anos; ingressos esgotados

Praticar tai chi chuan
Lou Reed concede raras entrevistas. Na maioria delas, responde por monossílabos e, às vezes, deixa o jornalista falando sozinho. Nos últimos anos, as entrevistas mais longas foram dadas a revistas ou sites de artes marciais. Ele se tornou um praticante fervoroso de tai chi chuan e kung fu e sobre isso parece ser capaz de falar com entusiasmo. Dominar um tipo de luta poderia ser interessante no início de carreira com o Velvet Underground, nos anos 1960, quando a banda e seu repertório sobre drogas e sadomasoquismo costumavam provocar reações violentas de plateias conservadoras.

Beber sangria no parque
Mais um verso de "Perfect Day", que fez os fãs do cantor adotarem a sangria como bebida de celebração. Mas o próprio Reed, que afirma estar sem beber desde 2007, nunca foi fiel à sangria. "Alguns gostam de vinho, alguns gostam de cerveja, mas na verdade eu amo o meu uísque", cantou ele em "The Power of Positive Drinking", do álbum "Growin' Up in Public", de 1980. Em uma entrevista dada em 1984, ele disse que vinho é para tomar com uma mulher, enquanto o uísque é "a bebida dos solitários".

Visitar o Zoológico
"Perfect Day" é um clássico de Reed. Entre ironia e melancolia, fala como seria um dia perfeito para o narrador. Entre as atividades descritas, dar comida aos animais no zoo faz parte da porção lúdica da programação. A música foi lançada no álbum "Transformer" (1972), o segundo disco solo dele após o fim do Velvet Underground. É considerado o melhor trabalho de sua carreira, com hits como "Walk on the Wild Side", "Vicious" e "Sattelite of Love".

Visitar a exposição de Laurie Anderson
Bem diferente do marido ranzinza e cara fechada, Laurie Anderson foi muito fofa quando esteve recentemente em São Paulo para inaugurar sua mostra de arte esquisitona no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade. A exposição permanece em cartaz até dezembro, então Reed fica mais do que na obrigação de fazer uma visitinha. Se ele não for, a patroa pode atacá-lo com um pau de macarrão numa performance caseira.

Ir ao cinema assistir a "Tropa de Elite 2"
Quando Reed lançou "Perfect Day", no início dos anos 1970, a gíria paulistana para ir ao cinema era "pegar uma tela". Na letra, ele sugere uma matinê. Hoje, dificilmente o astro escolheria alguma outra opção a não ser "Tropa da Elite 2", filme-fenômeno irresistível para brasileiros ou turistas. E o intrépido coronel Nascimento seria um bom companheiro para dar uma "caminhada no lado selvagem". 


Comer no Horta Café
Vegan radical há alguns anos, Reed embarcou de cabeça naquela história de "meu corpo é meu templo, preciso respeitá-lo". Bem, não era assim nos anos 1960 e 1970, todos sabem. Andy Warhol apadrinhou o Velvet Underground e Reed passou a praticamente viver no hotel Chelsea. Fazia parte da Factory, a confraria de artistas (e picaretas) que Warhol mantinha sob a asa. Esse pessoal tomava tanta droga que um grupo, denominado "os cientistas", tinha a tarefa de misturar substâncias para buscar novas drogas, já que as "oficiais" não faziam mais o mesmo efeito neles.

Acabar a noite no Berlin
Tudo bem que Reed está com 68 anos, mas décadas de farra rock and roll não permitem que ele seja um "tiozinho" caseiro. Se ele colocar os olhos no roteiro de bares e casas noturnas da sãopaulo, vai vibrar ao descobrir que a cidade tem um bar chamado Berlin, na Barra Funda. Reed adora a cidade alemã, que é título de seu terceiro álbum solo, uma espécie de ópera melancólica lançada em 1973. Talvez a moçada que frequenta o bar nem conheça o disco, mas vai alucinar se Reed pisar no local.

Produção: Simone Pokropp
Agradecimentos: Clube Berlin, Horta Café & Bistrô, Juisi by Licquor, Ótica Atelier, Adriano Ramos e Brechó Spazio