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30/01/2011 - 09h53

Eu amo o Alves

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BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA REVISTA sãopaulo

Consegui reunir o Moe, o Larry e o Curly (meus três neurônios) debaixo da mesma marquise do meu cérebro vacante para fazer um cálculo dificílimo. Se cada um de meus 83 mil seguidores no Twitter depositasse modestos R$ 10 em minha conta bancária, eu poderia finalmente pagar por aquele apartamento em que estou de olho faz um tempão.

Veja só: não entendo por que você tem de se apressar em me chamar de datilógrafa aproveitadora, meu nobre e implacável leitor. Eu sempre entrego o serviço a contento, não entrego? Está reclamando do quê?

Só porque estou tentando achar um jeito de espremer dinheiro do Twitter não significa que eu seja de todo má, ora bolas. Há meses que eu rolo entre os lençóis de madrugada pensando em alguma maneira criativa de me dar bem nos 140 caracteres.

Ali é onde eu me sinto como o Michael na pista de dança. Mas vintém que é bom...

Pensando bem, de que adiantaria comprar o apartamento da Vila Madalena que é a minha cara se o condomínio acabaria saindo o preço que eu pago atualmente de aluguel? O que acontece na cidade de São Paulo? Serão as administradoras dos edifícios, os síndicos e os condôminos todos uns asnos relinchantes? Como é possível que ninguém consiga racionalizar custos e manter os preços sob controle? Eu sei, eu sei que o custo da segurança encareceu muito o valor dos condomínios e que a manutenção é uma parte importante das mensalidades, já que ninguém quer gastar na hora de construir.

Mesmo assim, como podem prédios novinhos em folha, com unidades entre 90 m2 e 120 m2, cobrar entre R$ 1.200 e R$ 1.800 de condomínio, que é o que eu tenho visto corriqueiramente em bairros como Itaim Bibi, Moema, Jardins, Vila Olímpia, Vila Madalena e Pinheiros? A ideia de virar proprietário não é se livrar da maldição de rasgar uma bolada todo santo mês?

Dizer que os condomínios subiram por conta da folha de pagamento dos funcionários do prédio, para cima de mim, não cola. Não vamos nem mesmo começar com esse papo porque ainda estamos bem longe do dia em que os funcionários domésticos e dos edifícios sairão em debandada, esnobando seus empregos, ou em direção ao aeroporto de Congonhas a fim de embarcar em voos da Gol rumo ao Nordeste, deixando a gente a ver navios. Não é essa a fantasia, ou melhor, o delírio coletivo?

Já vejo gente tremendo com uma queda da Bastilha branca que vem aí dobrando a esquina, mas, infelizmente, esse dia ainda está longe. O que é uma pena -e não que a gente não mereça.

É sério, o que tem de idoso por aí cuja figura central na vida é o porteiro ou o zelador do prédio não é bolinho. Gente que foi esquecida pela família, a quem os filhos não se lembram de visitar nem mesmo no aniversário e que dependem do carinho e da atenção dos funcionários do prédio para tudo.

Eu já decidi da seguinte forma: quando me mudar com o dinheiro arrecadado junto aos seguidores do Twitter, levo o meu porteiro, o Alves, junto comigo. Depois de 20 anos morando no mesmo prédio, nem imagino mais como seria a vida sem o apoio e a alegria do meu porteiro.

O duro vai ser deixar a dona Isabel, do 92, sem a proteção do baiano.

Fabrício Corsaletti escreve na próxima edição

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