A atriz pernambucana Hermila Guedes, 32, passou a se achar uma farsante após o sucesso de "O Céu de Suely", que marcou sua estreia como protagonista no cinema.

Pela atuação no filme, lançado em 2006, recebeu prêmios em festivais e na votação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Mas Hermila enxergava o reconhecimento como um equívoco, por se julgar muito inexperiente. Era sua segunda aparição em um longa-metragem. O mérito pelo desempenho, ela creditava ao diretor Karim Aïnouz e à preparadora de elenco Fátima Toledo.

"Fiquei muito confusa na época. Demorei a acreditar em mim como atriz", diz Hermila, que, seis anos após "O Céu de Suely", já soma nove filmes em seu currículo.

	Daryan Dornelles
	Com diversas premiações e uma novela no currículo, a pernambucana Hermila Guedes estreia três novos longas

A lista inclui três trabalhos que ainda serão lançados. Dirigido por Flavio Frederico e com estreia em 14 de setembro, "Boca" traz Hermila no papel da mulher de Hiroito de Moraes Joanides (Daniel de Oliveira), criminoso da região central de São Paulo durante as décadas de 1950 e 1960.

As outras duas produções estão confirmadas no Festival de Toronto, que começa no dia 6 de setembro: "Era uma Vez Eu, Verônica", do pernambucano Marcelo Gomes, e "O Grande Kilapy", do angolano Zezé Gamboa.

"Ela tem um olhar misterioso que dá profundidade às suas interpretações", define Marcelo Gomes, que a dirigiu em "Cinema, Aspirinas e Urubus" (de 2005). "Em cena, você olha e não sabe o que vai acontecer: se ela vai beijar ou matar", acrescenta Karim Aïnouz, diretor de "O Céu de Suely".

OLINDA-RIO-OLINDA

Nascida no município de Cabrobó, no interior de Pernambuco, Hermila chegou a cursar a faculdade de letras, interrompida pelas participações em peças teatrais e em curtas-metragens.

Sua residência atual fica em Olinda, onde mora com a filha, Celina, 4. Nos últimos meses, passou a fazer escalas no Rio. Ela integra o elenco de "Amor Eterno Amor", novela das seis da Globo.

No início, estranhou a liberdade dada ao ator de TV na caracterização do personagem. Mas não chegou a sofrer como em "O Céu de Suely".

Ela recorda a preparação para a cena mais difícil do filme, em que aprendeu a tomar tapas na cara sem reagir de maneira intensa ou cair no choro.

"Foi um trabalho que me marcou para sempre. Até hoje, choro ao rever o filme. Aliás, nem assisto mais a 'O Céu de Suely'. Não consigo."