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Serafina

Simpática, Isabelle Huppert conta que deixa drama nas telas

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São Paulo tem um papel importante na participação de Isabelle Huppert no filme "Em Nome de Deus", do cineasta filipino Brillante Mendoza, que estreia no dia 9/11.

Foi na capital paulista que os dois se encontraram para falar do projeto, quando a atriz estava no Brasil para apresentar a peça "Quartett" e ele passava pela cidade para uma retrospectiva de sua obra, em 2009.

A dupla tinha se conhecido naquele ano, quando a francesa, presidente do júri do Festival de Cannes, entregou a Mendoza o troféu de direção pelo forte "Kinatay", que inclui a tortura e o desmembramento de uma prostituta. "É um cineasta muito brilhante, como indica o seu nome", diz, em entrevista por telefone de Bruxelas, onde filma "Abus de Faiblesse" com Catherine Breillat –e ri.

A risada de Isabelle Huppert é uma coisa que desarma. Pois então a rainha do drama, dos papéis intensos, das mulheres duras, faz piada?

Naquele mesmo 2009, em Cannes, fez-se um silêncio na mesa quando um jornalista perguntou na coletiva de imprensa se alguém teria coragem de desafiá-la. Indagada sobre quem decidiria um empate ou um impasse, respondeu simplesmente: "Eu, oras. Sou presidente do júri". Simples assim.

No encerramento, quebrou o protocolo ao entregar pessoalmente a Palma de Ouro, por "A Fita Branca", ao amigo Michael Haneke, com quem, àquela altura, tinha trabalhado em "A Professora de Piano" (2001) e "O Tempo do Lobo" (2003). A mensagem era clara: ninguém brinca com madame Huppert.

Mais recentemente, porém, essa imagem de frieza implacável vem cedendo espaço à graciosidade. Era visível sua empolgação com "Em Nome de Deus" no Festival de Berlim, em fevereiro. Ela interpreta uma missionária francesa tomada como refém pelo grupo islâmico Abu Sayyaf.

CONFIRA TRAILER DE "EM NOME DE DEUS"

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DIVERSOS UNIVERSOS

Seu entusiasmo continua o mesmo meses depois. "Me animou a ideia de ir às Filipinas e de me misturar a um universo distante do meu, com experiências que eu não poderia ter no meu próprio país", diz à Serafina.

O calor e a umidade da floresta não a assustaram. "Era parte da aventura", conta. "Se estivéssemos confortáveis, num estúdio, fingindo estar com frio, fingindo estar com calor, fingindo estar sob a chuva, teria sido mais difícil. Pelo menos não tivemos que fingir."

Garante não ter tido privilégios de estrela. "Não foi preciso. O que você vê na tela, obviamente, sou eu. Mas ainda assim é um filme", ri mais uma vez. "Fomos bem tratados pelo resto do dia", completa, rindo de novo. É uma risada discreta e breve, não uma gargalhada. Mas uma risada. De Isabelle Huppert.

Sua ida às Filipinas não foi a única incursão a território estrangeiro nos últimos tempos. Em maio, voltou ao Festival de Cannes para apresentar o longa "In Another Country" (em outro país), em que trabalhou com o cineasta sul-coreano Hong Sang-soo.

Em setembro, em Veneza, defendeu outro inédito, "A Bela que Dorme", do italiano Marco Bellocchio, exibido na Mostra de Cinema de SP. E "Linhas de Wellington", produção portuguesa dirigida pela chilena Valeria Sarmiento.

VEJA TRAILER DE "A BELA QUE DORME"

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É evidente que tem absorvido a energia desses encontros com cineastas, atores e locações diferentes. Não significa que ela vá deixar o cinema francês ou os diretores preferidos, como o próprio Michael Haneke, vencedor de Cannes em 2012 com "Amour". No filme, Isabelle interpreta a filha do casal de idosos que é protagonista da história.

Faça as contas: foram cinco trabalhos em um ano. Jura ser coincidência e que tira folgas entre um e outro. "Claro que gostaria de ter mais tempo para mim, mas os diretores me chamam. Eu poderia dizer não, só que digo sim."

Fica menos paciente quando indagada sobre seu tempo livre. "Gosto de ler, ver filmes, estar com minha família", diz, depois de bufar de leve. É mais breve ainda quando falamos sobre os três filhos, Lolita, 29, Lorenzo, 26, e Angelo, 15. O pai deles é o produtor de cinema Ronald Chammah, seu marido há 30 anos. "Não sou uma exceção."

FAMÍLIA

Isabelle é conhecida por resguardar firmemente a privacidade. Nem da idade ela fala, mas, segundo as contas mais confiáveis, estaria com 59 anos hoje. Quando o assunto é a carreira de Lolita, com quem contracenou em "Copacabana", surpreendentemente não parece incomodada. "Interpretamos mãe e filha, não tivemos de ir longe para encontrar inspiração", diverte-se.

Jamais tentou dissuadir a filha de seguir a mesma profissão. "Por que faria isso?", pergunta. "Claro, há muita espera, muitos desapontamentos. Só a superfície é reluzente. Você precisa estar preparada. Mas acho que ela está. Pelo menos, tanto quanto eu."

Divulgação
Isabelle Huppert (à frente) e Ariel Garcia Valdes em cena da peça "Quartett", de Bob Wilson
Isabelle Huppert (à frente) e Ariel Garcia Valdes em cena da peça "Quartett", de Bob Wilson

Isabelle tem um jeito sem firulas de abordar seu trabalho. Diz que não pensa em questões levantadas por um filme, como o prolongamento da vida em estado vegetativo de sua filha no longa de Bellocchio."Faço estritamente o trabalho de atriz. Não interfere com meu ponto de vista. Um filme é a visão de um diretor. Fora que estou ocupada interpretando."

Preparação de personagem não existe. "Eu apenas vou e faço." O drama que fique restrito à tela do cinema. Atrás das câmeras, não há necessidade disso. Pelo menos, quando se é Isabelle Huppert.

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