Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
Publicidade

Serafina

Grife francesa Louis Vuitton faz o desfile mais impressionante de Paris

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Paris, outubro de 2012. Numa passarela que reproduz o xadrez Damier, um dos ícones da grife, a Louis Vuitton mostra sua nova coleção, assinada pelo americano Marc Jacobs.

As modelos descem de quatro escadas rolantes altíssimas que parecem saídas de construções ocultas. O número é importante: o quadrado está em boa parte dos looks da grife. Elas surgem em duplas, caminhando a quatro pernas, passo a passo, em trajetórias retangulares no tabuleiro de xadrez do estilista. Penteadas e maquiadas de forma que pareçam gêmeas, vestem looks similares, num jogo de simetrias.

A trilha sonora é de Philip Glass. Trechos da música do filme "Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio" (1982) e da ópera "Einstein on the Beach". As roupas são de moças que pegam as peças da mãe conservadora e cortam. Barrigas de fora ainda são símbolo de ousadia.

Elas sobem e descem as escadas. Não é preciso muita imaginação para pensar em amigas num shopping, em uma tarde de compras sem fim. Indo mais longe, por que não uma vida acompanhando os ciclos da moda, nos quais a circulação de quase-novidades, apresentadas como sempre-diferentes, deve ocorrer dentro dos limites "quadrados" do comércio e da indústria?

São Paulo, outubro de 2012. No shopping Cidade Jardim, fortaleza do luxo paulistano, a primeira "global store" da Louis Vuitton, com cerca de 1.000 m2, é apresentada. O CEO e o presidente da marca para a América Latina fazem as honras. Há baús de viagem que custam o preço de casas. Dizem que duram uma vida.

Paredões de bolsas, joias, uma escultura dos irmãos Campana inspirada no maracatu é uma espécie de móvel-sapateira de arte, sem preço, e com apenas 12 unidades.

Os executivos lembram que, após o tsunami, quando milhares de pessoas perderam tudo, baús, bolsas e malas Vuitton estavam entre as poucas coisas que puderam ser salvas. Havia ligação emocional com os objetos, uma ligação com o passado afogado, dizem.

No Brasil, as clientes se apegam às peças mas também aos vendedores, segundo é dito. Há pessoas que compram com a mesma funcionária há muitos anos. No fundo da loja, há um provador que imita o closet de uma casa chique. Há drinques e empregadas uniformizadas.

Os jornalistas são levados em um tour para conhecer a nova base Vuitton. Os imperadores das terras fashion da Europa chegaram para redefinir a imagem do luxo à brasileira. Encontraram consumidoras de carteiras generosas, ansiosas para parecer cada vez mais com essa idealização, desde que sejam bem servidas. Estilo Nina e Carminha, bloco ódio é quase amor, senhora e vadia.

É simetria, Brasil.

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Envie sua notícia

Siga a folha

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página