David, Kevin e Paul, três amigos ingleses, escolheram Las Vegas como destino para comemorar seus 40 anos.

Além do kit básico cassinos-shows-bebidas-baladas, deram uma passadinha num clube de tiro. E detonaram Osama bin Laden (ou um alvo que o simulava) com um fuzil AK-47. "Com um desses na mão, não tinha como escolher outra pessoa [como alvo]", diz Kevin.

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"É muito bom, como nos filmes. Na Inglaterra, não tem jeito de você encostar em uma arma se não for do Exército", completa David.

Ali do lado, o casal Linda e Rob Millard, da Flórida, também se anima. Rob é militar aposentado e viu no clube de tiro uma chance de "testar armas novas". Linda, que não gostava de armas há até pouco tempo, decidiu aderir ao hobby para "ter a chance de fazer mais coisas junto com o marido".

Clube de Tiro

Todos eles estavam, numa segunda-feira de manhã, no Machine Gun Vegas, uma das novas opções de diversão da chamada "cidade do pecado".

Aberto em março como proposta de lazer para quem quer dar um tempo dos cassinos e shows da cidade, o local tem vários atrativos. Para começar, os clientes são recepcionados por garotas com minisshorts e armas presas às coxas.

São essas "hostesses" que oferecem, num cardápio em iPad, pacotes para os gostos mais variados, voltados para homens, mulheres e até crianças, que vão de R$ 100 a R$ 1.600.

"Queríamos um bar de tiro com clima de 'lounge', com jeito de butique. Hoje, a maioria desses clubes são ambientes masculinos e também locais de venda de armas. Nós não comercializamos armas. Aqui, é puro entretenimento", explica Genghis Cohen, neozelandês sócio do local –e cujo pai obviamente era fã de Genghis Khan.

"O Brasil é um dos nossos mercados que mais cresce. O brasileiro gosta desse modelo de entretenimento, lutas de UFC..."
Outro público-alvo são as mulheres. Hoje, elas representam 25% dos clientes e têm um pacote exclusivo: o Femme Fatale dá direito a atirar com duas armas, uma Uzi e uma pistola ao gosto da cliente.

"Algumas vêm com o marido na lua de mel, outras fazem a despedida de solteira aqui", conta Kensi, subgerente do local, com seu bracelete de balas verdadeiras no pulso ("É fácil fazer, é só tirar a pólvora!").

BIN LADEN ZUMBI

A palavra que mais se repete nas conversas com Cohen e Kensi é "confortável". Na recepção do Machine Gun Vegas, ao som de rap e pop, eles explicam como a presença de mulheres armadas deixa outras mulheres confortáveis, como o ambiente é confortável, como determinada arma é mais confortável que a outra, como a sala VIP permite que celebridades entrem e saiam confortavelmente (ou seja, sem serem vistas).

No local de tiro, é uma figura que se repete: Bin Laden. O terrorista é o alvo preferido da maioria dos atiradores de ocasião (que adoram levar o papel chumbado para casa). "É o Hitler dos tempos modernos", diz Cohen. "Mas as pessoas também curtem atirar em zumbis. Existe uma adoração forte por mortos-vivos hoje."

O pacote mais requisitado no Machine Gun Vegas é o Seal Team 6, nome do esquadrão de elite que matou Bin Laden (de novo, ele) e que oferece armas, como a M60 e a M249 SAW, usadas na operação.

	Flávio Scorsato
	Cartazes de zumbi e Osama Bin Laden; os alvos preferidos dos clientes no Machine Gun Vegas

Mas outro pacote chama mais a atenção no cardápio armado do iPad: o Kids, com um logotipo de letrinhas coloridas, oferece a crianças a chance de atirar com um rifle calibre 22 e uma pistola com laser, para facilitar a pontaria.

Os critérios para participar são subjetivos. Não há idade ou altura mínima. "É mais ou menos a altura do balcão", explica Kensi. "Tem que ter altura e peso suficientes para segurar uma arma. Também levamos em consideração o tamanho das mãos. Por causa dos videogames, muitas crianças que vêm aqui entendem mais de armas do que os pais."

Naquela manhã de segunda-feira, quando a reportagem de Serafina saía do Machine Gun Vegas, uma família de férias, com um casal, três filhos e uma vovó numa cadeira de rodas, chega para experimentar o puro entretenimento.

Pai, mãe e filhos se preparam e entram na sala de tiros. A vovó fica do lado de fora. Matar zumbis não é com ela.