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Serafina

Diesel deve lançar linha 'made in África' com algodão sustentável

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Nesta semana, a conferência sobre luxo organizada pelo jornal "International Herald Tribune" levou o cantor-ativista-empresário Bono e Renzo Rosso, dono da grife Diesel, para falar sobre o assunto.

Bono e Ali Hewson, sua mulher, são donos da marca Edun, ligada a projetos de moda sustentável e ética. Com Rosso, farão uma linha "made in Africa".

O casal pretende aumentar a produção de suas fazendas de algodão "éticas" no continente, e a grife italiana está disposta a incluir a matéria-prima em sua linha de produção.

O seminário coincide com a explosão de semanas de moda "africanas" na Europa e nos EUA. No mês passado, em Paris, rolou a Black Fashion Week. Por conta do nome, causou polêmica. O "Le Monde" levantou: falar de "moda negra" não seria segregação?

Caco Neves
A parceria fashion com a África é o novo negócio da China na indústria da moda
A parceria fashion com a África é o novo 'negócio da China' na indústria da moda

A organizadora, a designer Adama Ndiaye, respondeu que a semana de moda de Paris é "branca", em contraponto a seu evento. Depois procurou relativizar, dizendo que a black fashion week não era exatamente negra, mas multicultural.

Enquanto isso, Bono, Rosso e Simone Cipriani, diretor do Ethical Fashion Initiative (EFI), atualizavam o discurso, diante do fato bastante incômodo de que o mercado da filantropia se tornou uma indústria pornograficamente lucrativa, e repetiram slogans: "Não é caridade, é apenas trabalho. Não é ajuda, é parceria".

O EFI trabalha com a ONU. E também com marcas dos maiores conglomerados de luxo do mundo. A novidade seria usar a mão de obra artesanal africana (e às vezes material reciclado)para fabricar, por exemplo, bolsas requintadas, com o "selo" do multiculturalismo e da sustentabilidade.

Em troca, boas condições de trabalho e investimento em educação e escolas.

Há, de fato, alguns avanços. O maior deles é o de deixar claro que se trata de contratação de mão de obra, uma relação básica entre patrão e massa trabalhadora.

SUPERIORIDADE

A parceria termina aí, no entanto. A contribuição das artesãs na manufatura segue a visão do design europeu. O trabalho dessas pessoas não divulga "a riqueza cultural" da África nos países ricos, mas revela qual é a posição dos europeus e americanos em relação aos africanos, marcada pela ideia de superioridade e sem nenhuma causa em comum que não seja o desenvolvimento do mercado –o de moda, neste caso.

O que os participantes do seminário, a ONU e a criadora da black fashion week não dizem, no entanto, é algo que precisa ser compreendido para decifrar esse cenário.

Analisar a economia não é a chave para entender a pseudorrevolução alardeada pelas iniciativas multiculturais sustentáveis de mercado. Essas iniciativas é que são a chave para entender como funciona e se estrutura a economia hoje.

Para ajudar o público a compreender, talvez fosse o caso de fazer ecobags com o seguinte slogan: não é revolução ética, é capitalismo reciclado.

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