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Serafina

Vilão de 'Bastardos Inglórios' pode ganhar Globo de Ouro por novo filme de Tarantino

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Christoph Waltz, 56, olha intensamente para o mar azul do golfo do México. "Uma tempestade está vindo", sussurra o vencedor do Oscar pelo inesquecível papel do coronel Landa, de "Bastardos Inglórios" (2009), de Quentin Tarantino.

Seria uma metáfora da sua vida? Afinal, o ator está no esperadíssimo "Django Livre" (estreia em 18 de janeiro), do diretor que o revelou.

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"Não. É que odeio turbulência e precisamos voltar para Nova Orleans [onde o longa foi filmado] em um pequeno avião", diz, preocupado.

Duas semanas antes, uma tempestade havia inundado o set na Louisiana, atrapalhando as filmagens na fazenda onde o seu personagem, dr. Schultz, e o de Jamie Foxx, Django, confrontam o escravocrata Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). "Django Livre" está entre os favoritos para as premiações do cinema em 2013. Recebeu cinco indicações para o Globo de Ouro, entre as quais a de melhor diretor para Tarantino e melhor ator coadjuvante para Christoph.

Divulgação
Christoph Waltz interpretando o coronel Hans Landa em 'Bastardos Inglórios'; papel rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante
Christoph Waltz interpretando o coronel Landa em 'Bastardos Inglórios'; papel rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante

No faroeste do cineasta de "Pulp Fiction" (1994) e "Kill Bill" (2003), o ator nascido em Viena (mas com pai alemão, o que deu a ele dupla cidadania) faz um dentista entediado de Düsseldorf que viaja para os Estados Unidos pré-Guerra Civil e se torna um caçador de recompensas. Liberta Django da escravidão e faz um acordo: o ex-escravo o ajuda a encontrar irmãos foragidos da lei e ele promete resgatar sua mulher (Kerry Washington), vendida para Candie.

"Não interpreto mocinhos ou bandidos. Procuro a convicção dos personagens e a transporto para o filme", afirma.

Tarefa difícil para o ator em "Bastardos Inglórios", no qual vestiu um uniforme nazista e assumiu o apelido de "Caçador de Judeus". Ele não é religioso, mas foi casado com uma judia e um de seus filhos é rabino.

"Separar a ética pessoal do trabalho é sempre um grande esforço, mas tenho prática", revela. "Não acredito no método de imersão total. Não preciso correr atrás de bandidos para viver um caçador de recompensas. A melhor coisa da mente humana é a imaginação."

E treinamento. O ator precisou de um intensivo para lidar com revólveres antigos e aprender a montar para viver um cavaleiro atirador. "Quentin é muito meticuloso em seus filmes. Preparação é essencial", conta, sem entrar muito nas fofocas que cercam as filmagens de "Django Livre" desde o início.

A principal era que Jamie Foxx e Leonardo DiCaprio caíam na farra em Nova Orleans. "Não tenho nada contra encher a cara, mas não é o meu estilo", desconversa. "Não tenho hobbies e amo meu trabalho. Não preciso de distrações."

Um dia antes da entrevista, em Cancún, onde diretor e atores receberam a imprensa, Jamie Foxx virou DJ surpresa em uma festa. DiCaprio e Tarantino estavam lá, mas nenhum sinal do europeu. "O filme é enorme, começo a trabalhar às seis da manhã e só acabo às sete da noite. Não tenho energia para festas depois."

Outro rumor era que Foxx e DiCaprio teriam chegado às vias de fato em uma cena de briga que fugiu do controle. "Saiu em uma revista que Jamie socou Leo e partiu o lábio dele no meio", diverte-se. "Adoro essas histórias, pura fabricação, sem nenhum pingo de verdade. Acho engraçadíssimo."

O humor do austríaco, fluente em três línguas (inglês, alemão e francês), é um pouco diferente do normal. Quase não sorri. E pensa por alguns segundos antes de dar uma resposta.

Até uma pergunta boba:

- Você gosta de faroeste?

"Não sou fã de faroeste tradicional, mas gostava de 'spaghetti western' nos anos 1960 e 1970. Quentin pegou esses elementos e mudou tudo."

Ou uma mais espinhuda:

- Não preocupa o fato de fazer um filme com escravos usados como lutadores?

"Não somos ignorantes em relação ao que acontecia há 150 anos nos EUA. Acho que sabemos mais que os próprios americanos. Temos a tendência de prestar mais atenção à história. Mas a escravidão não fez parte da minha cultura."

Christoph faz questão de ser claro e não recua de seu ponto de vista, mesmo quando não está de acordo com o senso comum. Em uma conversa com Jamie Foxx sobre racismo, fora das filmagens, disparou: "Você é negro e eu sou branco. Gosto da diferença". O colega olhou feio. Mas ele completou: "Não faço nenhum julgamento sobre esse fato, negativo ou positivo. E esse é meu direito."

"Christoph é um sujeito intenso, confesso", brinca Foxx. "Tenho muito respeito por ele. O que fez em 'Bastardos Inglórios' é coisa de gênio."

NAZISTA NUNCA MAIS

O fantasma desse papel assombra sua carreira até hoje. Mesmo depois de ter feito "Besouro Verde", com Michel Gondry, "O Deus da Carnificina", de Roman Polanski, e os menos felizes "Os Três Mosqueteiros", de Paul W. S. Anderson, e "Água Para Elefantes", de Francis Lawrence, todos em 2011, é sempre lembrado pelo coronel da frase "That's a bingo".

"Quando aparece um papel de outro nazista, meu agente joga o roteiro no lixo e nem me fala", revela. "Para alguns atores, Hollywood pode ser um mercado de ações, em que comparam os currículos como investimentos em ações. Não sou assim. Estou começando a saber o que fazer com minha carreira e não vou jogar isso fora."

Mas Christoph não renega o personagem que o consagrou. "Fico feliz por ter sido descoberto. Acredito em destino, mas não acho que existe uma casualidade pré-concebida", diz. "Não me venham dizer que isso estava escrito nas estrelas."

Pode ser que ele tenha razão, mas, naquela noite, enquanto o jato levava o diretor e os três atores de volta para Nova Orleans, elas lotaram o céu de Cancún. E nenhuma tempestade cruzou o caminho.

Marco Grob
Christoph Waltz, de "Bastardos Inglórios", volta a filmar com Tarantino no faroeste "Django Livre" //////// CHRISTOPHE WALTZ FOR TIME MAGAZINE, OSCARS PORTFOLIO, PUBLISHED FEBRUARY 10, 2010
Christoph Waltz, de "Bastardos Inglórios", volta a filmar com Tarantino no faroeste "Django Livre"
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