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Serafina

Diário de sobrevivente de Auschwitz inspira novo livro de crítica literária

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"Vírgula", escreveu Noemi Jaffe, às 15h03 de 16 de junho de 2009. E estava inaugurado seu Pequeno Almanaque das Palavras Protegidas. Nos dias seguintes, a escritora depositou no blog, um por vez, vocábulos de que gostava: "papagaio", "alívio", "síncope". Nunca divulgou o singelo compêndio (eram palavras a serem protegidas, afinal), mas seguiu atualizando.

A obsessão por palavras ajuda a definir Noemi, 51, professora, crítica literária e cada vez mais escritora: depois da estreia, com um volume de poemas em 2005, lançou recentemente dois títulos que celebram sua paixão pelos mistérios vocabulares.

"A Verdadeira História do Alfabeto" (Cia das Letras) e "O que os Cegos Estão Sonhando?" (Ed. 34) são tão diferentes entre si quanto dois livros podem ser, mas ela vê uma relação. "Ambos têm a ver com origem. O 'Alfabeto' é uma brincadeira com as palavras, e o 'Cegos' tenta investigar uma linguagem, a do nazismo", diz. São também títulos de difícil definição.

"O que os Cegos Estão Sonhando?" tem como base o "Diário de Lili Jaffe", sobrevivente de Auschwitz e mãe de Noemi. Começa com os rascunhos que Lili, sérvia, fez aos 19 anos sobre o campo de concentração e segue com um texto de Noemi e outro de sua filha, Leda Cartum, sobre como isso impactou suas vidas.

Criança, Noemi já sentia esse impacto, um misto de orgulho com exclusão. "O fato de meus pais não falarem português me levou à literatura. Foi a forma que encontrei para lidar com a ideia de estar fora do lugar".

INVENÇÃO

Tanto tempo estudando literatura fez Noemi passar a prestar mais atenção à forma do que ao conteúdo do que ouve. Tem a mania de brincar mentalmente com as palavras.

"A Verdadeira História do Alfabeto", volume de contos sobre a história das letras, é isso: um exercício de invenção. Nele, o "C", por exemplo, foi criado por um navegante holandês ao se deparar, em 1611, com uma cobra na forma da letra.

Como escritora, Noemi agora tem sua obra resenhada na imprensa, tal como ela, crítica literária, faz há anos com obras alheias. Foi dito que ela quis esbanjar erudição em "A Verdadeira História...", o que não era sua intenção. "Pesquisei os dados históricos no Google e fui associando livremente. Nada daquilo faz sentido!".

Embora queira se dedicar cada vez mais à escrita, ela sabe que viver disso está fora da realidade. É um alerta que sempre dá em suas aulas de criação literária e que agora serve a ela própria. "Uma liberdade que a literatura dá é não dar dinheiro: você não tem nada a perder".

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