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Serafina

Designer de sapatos de luxo mistura couro de animais exóticos em suas criações

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Paula Ferber lembra o dia em que uma cliente a fez perder a paciência quando questionou o motivo de ela usar matéria-prima de animais exóticos nos sapatos que faz. "Por que não tem problema matar o boi para tirar o couro, mas a cobra sim?", respondeu a designer à mulher.

"Há muita hipocrisia nesse discurso", diz Paula à Serafina. "Não sou contra essa história de ecologicamente correto. Mas há muito marketing embutido nisso. As pessoas usam couro de boi indiscriminadamente sem pensar que aquilo também é um animal."

Especialista na mistura de materiais exóticos em acessórios de luxo (a canela de avestruz e o couro de píton, uma espécie de serpente, são alguns de seus truques desde os anos 2000), o diferencial das criações da sapateira paulistana de 48 anos não está apenas nas inspirações de suas coleções, comumente associadas à cultura popular, mas também na escolha criteriosa do material.

Os couros de cobra, tilápia, arraia e jacaré do Pantanal, usados nos sapatos, vêm de criadouros certificados pelo Ibama. "Já usei todo tipo de material, procurando resultados incomuns. Quando comecei a misturar couros de bezerro e vaca com o píton, por exemplo, muita gente tachou meu trabalho de pobre", diz, mirando os pés adornados com um par de sandálias coloridas feitas de peixe, cobra e vaca da sua última coleção.

"A elite, em geral, achava que o trabalho feito à mão e com materiais brasileiros não podia ser classificado como luxo", diz Paula. Hoje, a elite citada pela sapateira curte o estilo "despojado chique" da marca, cujos sapatinhos podem chegar a R$ 1.800. E, se os couros de píton e crocodilo estão entre os mais procurados, o que as mulheres mais gostam mesmo, diz ela, são das misturas, dos experimentos.

Ex-modelo e responsável por parte da criação da grife de sapatos Arezzo no fim dos anos 1990, Paula fez parte, ao lado de Sarah Chofakian e Francesca Giobbi, de uma espécie de santíssima trindade da sapataria de luxo do início do século 21 –que virou um santíssimo quarteto depois que Alexandre Birman emplacou um exemplar no seriado "Gossip Girl", há quatro anos.

PARCERIA MILIONÁRIA

Atualmente, Paula prepara-se para um dos saltos mais altos de sua trajetória, ainda que os modelos médios e rasteiros continuem sendo os prediletos das clientes.

Fechada há três meses, uma parceria milionária entre ela e o investidor franco-suíço Reinold Geiger –sócio majoritário da marca francesa de cosméticos L'Occitane, que ela gosta de chamar de "Reinaldo– levou a grife, nascida em Trancoso, na Bahia, de volta à ribalta.

Além de uma loja recém-aberta no shopping Iguatemi, em São Paulo, a sociedade despertou o interesse de showrooms em Nova York e Tóquio, que, em breve, receberão os sapatos da nova fase de Paula Ferber. Isso depois de a designer ter conquistado as solas das frequentadoras da tradicional loja de departamentos francesa Le Bon Marché.

A multimarca parisiense comprou, para o projeto "Le Brésil Rive Gauche", que comercializou diversas marcas nacionais, um lote inteiro de sandálias rasteiras da linha Trancoso.

Nos sapatos enviados para a França, ainda reluzia a etiqueta Paula Villalonge. "Ou 'Villaláunge', como algumas clientes pronunciam o sobrenome que inventei depois que não pude mais usar o meu", conta a sapateira.

Em 2009, depois de uma parceria comercial desastrosa, a estilista perdeu o controle da grife com seu nome, da qual era fundadora. Após três anos administrando a marca ao lado do então sócio, Eduardo Rabinovich, ela lhe vendeu sua parte na empresa. O negócio não foi para frente e o nome original caiu no ostracismo. Paula foi obrigada a recomeçar do zero e a batizar a nova grife com outro nome.

"Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Havia um desencontro entre o que eu queria mostrar e o que o Eduardo acreditava que traria resultado comercial. Fiquei deprimida, não reconhecia meus sapatos na loja", diz. "A grife estava descaracterizada. Em pouco tempo, perdemos a originalidade, nos tornamos vendedores de sapatilhas."

A compra do nome original pelo dono da L'Occitane, que detém 40% da marca e deu a Paula os outros 60%, despertou o desejo de "voltar às origens". Em novembro, a casa na Vila Olímpia que abriga o ateliê da grife vai virar um espaço de eventos da marca.

É lá que, assim como em Trancoso, quando começou a vender sapatos, um artesão fará rasteiras de couro sob medida, criadas na hora para a cliente. O preço médio do par custará cerca de R$ 400.

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