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Serafina

De mudança do Brasil, Iggor Cavalera aposta no eletrônico e no heavy metal

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Coloque-se no lugar de Iggor Cavalera. Ali por 2006, 2007, depois de passar mais de 20 anos tocando na banda brasileira mais famosa internacionalmente e de ser considerado um dos bateristas mais poderosos da história do rock, ele queria descansar.

Ficar longe do showbiz, deixar de viajar tanto, curtir o novo casamento, acompanhar o começo da vida do filho mais novo, reatar a relação com o irmão destruída por brigas, ter mais tempo para ir aos jogos do Palmeiras.

Voltar a ser a pessoa comum que quase nunca foi, desde que ele e o irmão Max fundaram, num apartamento de Belo Horizonte, no começo dos anos 1980, a banda ícone do heavy metal Sepultura, que já vendeu 20 milhões de discos. Iggor tinha 13 anos. Max, 14.

Aí, nesse período pacato, já fora da banda, convidam para atacar de DJ o cara que, durante anos, atacou baterias como um lutador de MMA.

Seria uma aventura em uma noite de rock inofensiva, em um clube de eletrônica, em São Paulo. Ele aceitou. Porém, desavisado, levou só discos de hip-hop mexicano. Foi xingado. Mas gostou do poder de "controlar uma pista".

VIDA DUPLA

Dessa noite de 2006 até agora, é possível traçar em duas frentes a trajetória da vida de Iggor Cavalera, 42, depois da tentativa de sossegar um pouco com música:

1. Dupla de DJs, junto com a mulher, Laima Leyton, 36, batizada de Mixhell. Formação da banda rock- trônica de mesmo nome, cujo primeiro álbum, "Spaces", acaba de ser lançado. Mudança com o trio (ele, a mulher e o baixista e produtor Max Blum) para Londres. Em seguida, shows nos festivais Glastonbury e Bestival e turnê europeia e americana

2. Reconciliação com o irmão e formação de nova banda juntos, a Cavalera Conspiracy. Um plano ousado: transformar o grupo em uma dupla tipo White Stripes, ele na bateria, Max na guitarra e no vocal. Tudo produzido por James Murphy, ex-LCD Soundsystem, dono do selo nova-iorquino DFA e produtor do disco novo do Arcade Fire.

Iggor sentou com Serafina em um café de São Paulo quatro dias antes de se mudar para Londres, cinco dias antes de viajar para o norte da Inglaterra e participar de um festival gigante com o Mixhell e alguns meses antes de reescrever a história do metal com o novo Cavalera Conspiracy. E conta como sua vida pode ficar duas vezes mais agitada do que era quando optou, sete anos atrás, por "dar uma descansada".

"É uma história parecida com o que eu passei com o Sepultura em 1989. A gente adorava viver aqui no Brasil, viajar para fora, tocar e voltar. Mas chegou uma hora em que esse ir e voltar ficou inviável", diz Iggor. "A gente começou a ficar mais lá do que aqui, pagando uma estrutura de vida no Brasil e com todos os negócios, de agência até shows e gravações, tudo fora. Então, fomos embora."

Mais ou menos como acontece agora, quando se vê "empurrado" para fora do Brasil e de volta para a vida de rock star. "Há uma procura gigantesca lá fora pelo que a gente faz, e, no Brasil, as coisas são meio devagares", diz. Daí a estratégia de tentar consolidar o Mixhell na Europa e depois voltar para cá, como aconteceu com o Sepultura.

"No mercado inglês e no americano, muita coisa acontece quando você lança um disco, mas fica difícil se você está longe. Fomos convidados para tocar na loja de discos Rough Trade, de Londres, o que é excelente para promover o álbum. Mas não dá para sair do Brasil só para isso", explica.

A passagem é só de ida, "pode ser sem volta". Num primeiro momento, Iggor e Laima vão levar o caçula Antônio, 7, único filho dos dois. Conversaram com os "agregados" (três só dele, um só dela) e todos querem ir para a Inglaterra depois, se juntar aos pais.

Mas é o projeto paralelo Cavalera Conspiracy (CC), mais que o titular Mixhell, que pode levar mesmo a vida de Iggor Cavalera a ficar bem longe daquele descanso sonhado do começo do texto. A dupla com Max, com a chancela de James Murphy, pode ser tudo o que o metal precisa hoje.

Iggor conta a história aos poucos, até chegar lá. Fala, Iggor.

"O CC tem suas regras: a gente nunca ensaia, nem para show, nem para disco. Meu irmão, lá de Phoenix, nos EUA, manda umas bases por correio [ele não usa computador nem e-mail], eu acrescento uns beats e devolvo. De vez em quando, nos encontramos e fazemos um período de shows, na América do Sul, Austrália, Japão."

"James Murphy me procurou. Quer gravar em breve, só eu e meu irmão", diz. "É para a gente se livrar dos outros caras."

"O Max está numa pilha incrível. Acabou de sair de um "rehab", por causa de remédios. Agora, 'clean', ele compensa a ansiedade com muito trabalho. Chega a fazer até 28 shows por mês com o Soulfly, a banda dele. E está louco para gravarmos com o Cavalera", empolga-se.

"Essa nova fase do Cavalera Conspiracy vai ser a nossa volta para o quarto de casa, 30 anos depois."

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