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Serafina

Clínica de rejuvenescimento na Suíça atrai nomes de Hollywood e magnatas

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Reza a lenda que Keith Richards esteve lá para fazer uma transfusão total do sangue que corria nas suas veias surradas (informação ora confirmada, ora negada pelo guitarrista dos Stones). E consta que o cenário idílico já foi frequentado por sumidades como Winston Churchill, Marlene Dietrich, Pablo Picasso e Marilyn Monroe —todos em busca de tratamentos de rejuvenescimento.

Quem percorre os espaços da Clinique La Prairie, na cidade suíça de Montreux, porém, logo constata que o estabelecimento é avesso ao comércio de vaidades ou assédio de celebridades. Ali, ninguém menciona nomes, nega ou confirma quem foram e são seus hóspedes.

La Prairie recebeu o título de melhor spa de 2014 da revista inglesa "Professional Spa & Wellness", honraria que equivale ao ranking da revista "Restaurant", para os chefs. Mas não se trata apenas de um destino para quem quer emagrecer, se desintoxicar ou fazer tratamentos de beleza.

"Essa é uma clínica com spa, não um spa com médicos", diz o dr. Adrian Heini, diretor médico da instituição, criada em 1931 a partir dos experimentos de terapia celular desenvolvidos pelo endocrinologista e cirurgião suíço Paul Niehans (1882-1971).

Os primeiros testes feitos pelo suíço foram implantes de glândulas animais em humanos, depois, injeções de células de fígados ou fetos de carneiros e, finalmente (estágio atual), a elaboração de um extrato com células de ovelhas (usado de forma injetável ou oral).

Dessas pesquisas, surgiu a grife de cosméticos antienvelhecimento chamada Swiss Perfect, utilizada nos tratamentos de La Prairie. A linha de cosméticos La Prairie, criada ali, foi vendida nos anos 1980 para o grupo alemão Beiersdorf, detentor da marca Nivea.

Hoje, a clínica tem cerca de 300 funcionários, entre eles mais de 50 médicos (com centro cirúrgico e avaliação psiquiátrica). Eles atendem os pacientes dos programas de revitalização e beleza mas também a comunidade de Vevey, distrito de Montreux por onde se estendem as quatro edificações de La Prairie: a sede original, a seção hospitalar, a ala hoteleira e as moderníssimas instalações do spa.

Neste, além da piscina e da sauna ao lado de uma máquina que produz cascata de gelo, os pacientes passam por uma experiência sensorial. As texturas e as curvas das paredes das salas terapêuticas visam reproduzir o vento que percorre o recorte dos lagos suíços, e a iluminação é modulada conforme o tratamento -azul para os faciais, verde para os corporais e laranja crepuscular para as sessões de massagens tailandesas.

SILÊNCIO

O tratamento facial que experimentei se chama "redensificação facial high-tech" e começa por uma fotoestimulação celular, feita por luzes de LED com diferentes comprimentos de onda; seguem-se esfoliação com microcristais, oxigenação e aplicação de bálsamos celulares; por fim, uma máscara facial para relaxamento.

O que mais chama a atenção, porém, são o silêncio e a discrição do lugar —onde há seis funcionários por paciente. Seus profissionais parecem invisíveis e perguntas sobre os frequentadores célebres da clínica são rechaçadas com delicadeza até pelos garçons do restaurante -quase todos portugueses, o que cria para o visitante brasileiro uma atmosfera de informal familiaridade.

Aliás, o staff de La Prairie parece um microcosmo da globalização —com atendentes que podem incluir uma recepcionista russa ou um palestino formado na Ucrânia. A diversidade cultural se justifica. Grande parte dos clientes vem da Rússia, da China e dos países árabes.

A presença dos neomagnatas se traduz na decoração de gosto duvidoso das suítes mais luxuosas, que misturam mármore e ouro e podem chegar a 180 m2, com elevador privativo, quartos para guarda-costas, empregadas e cozinheiros particulares. Mas é sobretudo a privacidade que parece agradar aos clientes do mundo árabe, que impõem protocolos especiais no tratamento do intocável corpo de suas mulheres.

O fausto e os diferentes níveis de privacidade proporcionados por La Prairie tem um custo à altura de seus frequentadores: para o Programa de Revitalização e o Programa de Beleza, recomenda-se permanência de uma semana, com valores a partir de R$ 63.000 e R$ 32.400 respectivamente

Mas é possível optar por uma estadia de fim de semana (R$ 6.200) ou por um check-up, normalmente oferecido a executivos, a partir de R$ 12.400. Com um dado importante: os valores não variam ao longo do ano, em La Prairie não há alta ou baixa temporada.

Os pacotes incluem as refeições no restaurante (vinhos e bebidas alcoólicas à parte) e aí, decididamente, ninguém se sente num spa: não há restrição alimentar prévia num cardápio em que pães e sopas precedem carnes e pescados com vegetais e flores comestíveis que primam pelo sabor e pelo frescor.

As porções são balanceadas, porém mais que satisfatórias, e a nutricionista Laurence Grosjean destrói com autoridade os modismos dietéticos —como a eliminação do glúten por pessoas não alérgicas. "Normalmente, a supressão do glúten acontece junto com outras mudanças no estilo de vida, como mais exercício físico e maior autocontrole à mesa, e tudo isso proporciona um bem-estar inicial", diz ela.

O que está na moda, ao que parece, não está no cardápio em La Prairie.

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