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Serafina

Psicóloga Rosely Sayão comenta o filme "Boyhood"

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De perto, quase toda família é normal. É a essa conclusão que chegamos ao assistir ao filme "Boyhood", uma experiência instigante e reconfortante.

Instigante porque podemos testemunhar o crescimento, em todos os sentidos, dos personagens principais e dos atores -os mesmos no transcorrer dos 12 anos de filmagem.

Reconfortante porque podemos perceber que os principais acontecimentos da vida em família estão nos detalhes e não nos dramas: o olho no olho em momentos importantes, uma palavra paterna dada na hora certa e, principalmente, porque percebemos que nenhum acontecimento é, por si só, determinante do destino de uma vida.

Casamentos acontecem, filhos nascem, casamentos são desfeitos. Será que isso afeta as crianças? Afeta, mas não necessariamente em aspectos negativos. Ainda mais hoje, em que casamentos e recasamentos são fatos bem conhecidos delas, íntimos até. Para muitas crianças, estranho é o fato de a mãe e o pai permanecerem casados, diferentemente dos pais da maioria dos amigos e colegas.

Há homens que se tornam pais e que demoram para perceber que o exercício da paternidade, ou seja, o cultivo do vínculo com os filhos, importa mais do que tudo na vida deles. Essa demora é crucial na vida dos mais novos? Bem, é claro que a ausência ou a distância do pai tem consequências para as crianças, mas elas não são irreversíveis. Sempre há tempo para o pai se fazer presente e acompanhar o filho em sua trajetória e colaborar para que ele veja a vida como ela, de fato, é.

Irmãos crescem e rivalizam: brigam entre si, se provocam, buscam a cumplicidade da mãe —e como eles sabem fazer bem isso! E, quando eles crescerem, será que podem desenvolver uma relação fraterna que tenha ternura, respeito, companheirismo e amor? Sim: quando pequenos, parece impossível que isso possa acontecer, mas, na maturidade, ou quase lá, a perspectiva muda já que eles não dependem mais da mãe para viver.

E os dramas da vida cotidiana? Padrastos alcoólatras e suas crises intempestivas, cortes de cabelos à revelia, mudanças bruscas de escola, de cidade, de estilo de vida: as crianças têm como sobreviver saudavelmente a tantos eventos que hoje consideramos que "traumatizam"? Sim, elas superam, mesmo que com algum custo, e mais rapidamente do que podemos imaginar. Crescer dói, mas o sofrimento passa.

Na adolescência, quando eles se perdem e ficam sem rumo, experimentam drogas lícitas e ilícitas, escolhem "más companhias" e têm como causa a sexualidade em seu novo formato, mesmo assim eles continuam a se desenvolver.

Em pouco menos de três horas de filme, nos transformamos em testemunhas da vida de uma família no decorrer de 12 anos. Poderia ser uma experiência monótona, cansativa, entediante. Não é: trata-se de um filme que, por identificação, fisga o espectador de qualquer idade e o encanta.

Os diálogos e os olhares entre os integrantes da família são, em minha opinião, o ponto alto de "Boyhood". Neles, vemos cumplicidade, afetividade, disponibilidade e respeito, inclusive nas situações mais tensas.

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