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Serafina

'Patrimônio de Renato Aragão é o riso de várias gerações', diz crítico da Folha

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Ô, da poltrona, preste atenção. Os números de audiência na televisão bem como o resultado de seus filmes no cinema mostram que nenhum grupo de humor foi tão popular no Brasil quanto os Trapalhões. Curiosamente, porém, Renato Aragão nunca teve um reconhecimento à altura.

Chico Anysio, por exemplo, é citado mais de 30 vezes e tem um capítulo para chamar de seu na biografia de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho. Jô Soares, com quem o autor brigou, também mereceu um título e mais de 15 menções no livro. Chacrinha, outra vítima da fúria do executivo mais poderoso da história da Globo, está igualmente em destaque no "Livro do Boni" e com 20 citações.

Renato Aragão, cujo talento e importância para a emissora são no mínimo do mesmo tamanho, é mencionado apenas cinco vezes e não teve direito a nenhum capítulo. O seu nome aparece menos até que o de Boninho, filho do autor.

Este lugar que o humorista (não) ocupa no livro é sintomático. E arrisco duas explicações para o fato.

Renato Aragão, o homem por trás de Didi Mocó, sempre foi de uma timidez intransponível. Se, para alguns, essa atitude pode passar a impressão de falsa modéstia, para mim transmite a imagem de que ele não se sente à altura da genialidade do seu personagem.

Aliada à timidez de Renato Aragão, o humor de Didi Mocó e dos Trapalhões nunca foi, de fato, bem visto pelos formadores de opinião (só por seus filhos). Infantil demais por um lado, de uma crueza surpreendente por outro, o grupo sempre fez rir explorando o "mau gosto" em torno de questões raciais, de gênero, sexualidade e origem social.

Para piorar, o reconhecimento da graça de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias enfrenta, nos dias de hoje, a fúria do politicamente correto, incapaz de analisar o conteúdo do que produziram à luz do seu tempo.

Parêntese. A recém-lançada biografia de Chacrinha, de Denilson Monteiro, lembra que, em 1966, o Velho Guerreiro apresentou um show para 11,8 mil pessoas no Maracanãzinho em prol da Campanha da Criança Retardada.

Quando tentou fugir do DNA de Didi Mocó, Aragão errou. O "fracasso" do filme "Os Trapalhões no Auto da Compadecida" ("apenas" 2,6 milhões de espectadores) é sempre lembrado por isso. "A criança ficou assim, meio decepcionada, por que não era para ela. Faço filme para criança. Para criticar meus filmes, vocês têm que assistir de calça curta", disse em uma entrevista. Renato Aragão e os Trapalhões fizeram rir várias gerações de crianças. É um patrimônio do grupo, que não depende de reconhecimento algum. E é isso que importa.

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