Os próximos hóspedes vão chegar já. Jonathan, então, troca os lençóis, afofa os travesseiros, estica as fronhas, ajeita um vaso de flores. Nada mal. Fecha a porta amarela e deixa a chave num local secreto, provavelmente em cima do pneu.

Há dois meses, ele estacionou seu táxi —uma minivan Honda Odyssey com colchão de casal em vez de banco traseiro— numa rua sossegada de Long Island City, quase à beira do East River, e aluga o carro como se fosse um quarto de hotel, via Airbnb, por US$ 79 a diária.

O melhor da louca experiência é a vista, um skyline de Manhattan digno de cartão-postal que não conseguiria ter em nenhum hotel, diz a californiana Angelica Garcia, 24, hospedada com a amiga Crystal Ghosh, 22.

Jonathan conta que sua primeira hóspede, da Malásia, caiu no choro ao ver a paisagem que só conhecia de "Friends" e "How I Met Your Mother".

Banheiro, as moças explicam, elas usaram o de um café, a cem metros dali. Banho, bem... "Passamos dois dias à base de lencinhos umedecidos", confessa Angelica. "Vim disposta a sacrificar a higiene em nome de uma boa história pra contar", argumenta Crystal.

Histórias que Jonathan Powley, 35, também coleciona. Naquela manhã de sexta, ele atuava como anfitrião do táxi-hotel. Horas mais tarde, assumiria seu posto de atendente na área VIP no estádio dos Yankees.

Como tanta gente que desembarca em Nova York diariamente atrás de um sonho, Jonathan chegou há 11 anos querendo ser comediante. O riso virou bico e, dois dias por semana, ele faz shows de stand-up comedy. No fim do ano, monta um negócio lucrativo de vendas de árvore de Natal. Se sobra tempo, trabalha como guia de rafting na Pensilvânia.

O empreendedor tem mais três vans e dois motor homes que aluga via Airbnb.

Desde maio, recebeu cerca de 500 pessoas em sua caravana hoteleira, toda estacionada em Long Island City. Nenhum deles sai do lugar com hóspedes dentro. Jonathan não tem licença para transportar passageiros. Dormir em carros, não se preocupe, é permitido pela lei nova-iorquina.

Assim como no Brasil, a rixa táxi versus Uber anda quente em Nova York. A clássica cena de gente se acotovelando para conseguir um táxi ficou para trás. Hoje, a cidade tem mais Ubers (19 mil) do que táxis (13.600), e uma rua do Brooklyn virou cemitério de carros amarelos abandonados por profissionais frustrados.

"Muitos taxistas te tratam mal, fazem rotas maiores, e os carros às vezes fedem", conta Jonathan, que vai embora de bicicleta após a entrevista. Quando tem de ir a Manhattan, é para o metrô que apela. Táxi? Não é uma opção.

"A verdade é que eu odeio carros."

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4 razões para se hospedar em um táxi em NY...

É mais barato que a maioria dos hotéis.

A vista do skyline de Manhattan é realmente impressionante.

Você pode ir de barco para Manhattan em dez minutos.

Não se preocupar com taxas e gorjetas.

...e uma para não se hospedar

Se banho diário é sua prioridade, procure uma opção mais prática e higiênica e menos divertida