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Serafina

Vendedores de arte no Chelsea interagem menos que as obras

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Quando 14 pessoas entram na Greene Naftali, uma das mais prestigiosas galerias de arte do Chelsea, os funcionários parecem congelar. Não cumprimentam, sorriem ou oferecem qualquer informação sobre a obra da artista sul-coreana Haegue Yang, em cartaz. A indiferença é tanta que daria para desconfiar que aquilo é uma performance.

Até que um integrante do grupo decide ir ao banheiro e deixa a grande porta branca que dá acesso ao toalete bater com força. Blam! Outra pessoa, outro blam. Só então uma funcionária desperta do transe e corre até a porta para mantê-la aberta e calar o barulho que atrapalha aquele silêncio artístico.

Quanto tempo leva até que os funcionários de gelo das galerias derretam? Não muito, segundo Marc Spiegler, diretor da Art Basel e uma das pessoas mais poderosas no mundo da arte. Em um artigo para o "Art Newspaper", ele conta que os galeristas vivem reclamando que as pessoas hoje sabem menos de arte que antes. Isso tem a ver, ele diz, com o perfil do novo colecionador: o "super-rico" de hoje também é "super-ocupado" e, por mais que ame arte, tem mais dinheiro que tempo para gastar.

Adriana Komura

"Para ser um galerista de sucesso, você tem que jogar fora as velhas formas de explorar as hierarquias sociais. Ter pessoas na recepção que não sorriem não vai mais funcionar", escreve Spiegler, num artigo que os galeristas do Chelsea não devem ter lido.

O grupo enfrenta o mesmo silêncio em quase todas as exposições que visita naquela manhã de sábado. "Quanto mais sucesso elas têm, menos querem falar com você", diz Ethan Greenbaum, artista e professor de artes que conduz o tour pelo Chelsea, bairro com a maior concentração de galerias da cidade.

Ethan costumava fazer os passeios com muitos casais e grupos de estrangeiros, mas, recentemente, diz, o movimento deu uma caída.

Na entrada da Mitchell-Innes & Nash, a funcionária da recepção nem levanta o olhar quando alguém entra. A galeria exibe uma exposição de Eddie Martinez, artista que tira inspiração de Basquiat e da arte de rua.

Ethan aposta que as telas são vendidas por "algumas centenas de milhares" de dólares. "É a clássica peça de colecionador: tem um jeito cool de Nova York, bagunçado e colorido, como uma nova versão de hits antigos."

Ele conta que alguns vendedores dizem poder identificar um potencial comprador só pelo nível do seu sapato. Mas há controvérsias. Há quem diga também que usar sapatos incríveis enquanto se compra arte é coisa de calouro, já que o colecionador de verdade bate muita perna antes de tomar uma decisão.

Com seu Oxford marrom, Ethan passeia o grupo de usuários de tênis e botas sem salto por outras galerias do Chelsea: Luhring Augustine, Pace, Lelong, Flag Art Foundation. A mesmice blasé dos funcionários contrasta com a diversidade dos artistas: mulheres, negros e estrangeiros já não são minoria. O que falta é a capacidade de chocar. "Aqui não tem religião como tema, nem tem arte de direita, nada é muito chocante ou controverso."

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