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Serafina

'Não vejo meus filmes', diz Dan Stulbach, que estrela longa de auto-ajuda

Christian Von Ameln
Dan Stulbach, em entrevista à revista Serafina de dezembro
Dan Stulbach, em entrevista à revista Serafina de dezembro
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Não são nem dez da manhã e Dan Stulbach, 47, está em paz antes mesmo do primeiro café. Difícil saber de onde ele tira tanta serenidade: como ator, protagoniza "O Vendedor de Sonhos", adaptação de uma trilogia de livros de Augusto Cury que vendeu milhões de exemplares e que chega aos cinemas em 8 de dezembro.

E segue em cartaz até 18 de dezembro com a peça "Morte Acidental de um Anarquista", texto de Dario Fo no teatro Folha; como apresentador toca um programa sobre esportes na ESPN, outro sobre generalidades na rádio CBN e ainda ameaça voltar à Globo para fazer novela. "Estou bem. Tá tudo bem", ele repetiu três vezes em uma hora.

*

Você já tinha tido contato com a obra do Augusto Cury?
[Gesticula com as mãos por cinco segundos] Eu não era um experiente em Cury não. Eu fui ler o livro graças ao roteiro, que o [diretor] Jayme Monjardim me mandou. Achei que o personagem era interessante e o tema era interessante. Acho bom o fato de ser uma grande produção e não ser uma comédia, ser sobre emoção. O filme consegue tratar isso de modo verdadeiro e profundo. É um filme de texto, mas também é um filme de ator.

É o momento dos filmes da emoção?
Eu gosto de trabalhar na emoção verdadeira. Mas ela é difícil de alcançar, porque se banalizou.. A gente está mais cascudo. A internet nos deixa de certa forma cínicos: sexualmente, pessoalmente, emocionalmente. Quanto mais se dá, você precisa de mais e cada vez dura menos tempo. Me pareceu interessante fazer um filme quase à moda antiga.

Acha que haverá uma onda de filmes de auto-ajuda depois deste?
Eu não acho que é um filme de auto-ajuda. Acho o termo auto-ajuda pejorativo. A categorização de auto-ajuda engloba livros péssimos, coisas pilantras e coisas ótimas. É difícil colocar dessa maneira. Se te diz alguma coisa é bom, mas se repete fórmulas óbvias, então é banal. Li esse roteiro, me interessa esse personagem, quero trabalhar com essas pessoas. Acho que a pessoa vai sair diferente do cinema. Todo mundo? Não. Me interessa o culto? Não. Me interessam os seguidores? Não. Interessa a arte a mim

Chorou quando viu o filme pronto?
Não vi e não vou ver provavelmente. Tá entregue. É entender que a partir de certo ponto não me pertence. Durante a filmagem, eu só peço para ver se eu puder mudar. Pergunto para o diretor se tudo bem eu ver e sugerir. Se não, eu prefiro confiar e não ver. Mas não tem nenhuma crise. A gente vai ter umas 27 pré-estreias pela frente [risos]. Não quero parecer indelicado ou ofensivo, além de ser meu trabalho é o trabalho de muita gente.

Quanto do seu tempo você gasta com viabilizar suas peças?
Muito. Estou fazendo quase que sem patrocínio, porque não tá rolando. Não me envolvo tanto nisso. É claro que me incomoda, como deve incomodar todos os artistas, que é passar com o pires na mão. Há um lugar que eu não acho justo você está, que é o de pedinte. Tiraram de mim a possibilidade de viver da minha plateia. Por causa da meia-entrada, por causa de outras amarras. Mesmo assim, a gente tem feito a peça sem patrocínio, mas com apoios. Há apoios do governo que são necessários para quem está começando, para determinados espetáculos, mesmo para mim, para projetos mais ousados. Aqueles que fazem a cultura do país acontecer.

É mais prazeroso fazer teatro porque você ergue as coisas, enquanto os convites de TV e cinema vêm prontos, são máquinas em que você é só uma engrenagem?
Quando o cinema chega, ou a televisão, chega tudo pronto. E é claro que é mais fácil. De alguma maneira, quase me incomoda não poder participar disso. Eu gosto de fazer parte do trabalho em que eu faço parte. No caso do "Vendedor de Sonhos", eu tive uma grande participação na parte artística, figurino Eu tenho esse espírito do teatro em qualquer coisa que faça. Mas eu não ganho porcentagem da bilheteria. Nesse caso, infelizmente, porque eu acredito que vá ser uma boa. Quanto mais eu puder ser parceiro num trabalho, mais dentro dele eu me sinto. É fruto de anos de terapia

Quantos anos são?
Faz um tempo que não faço, porque meu terapeuta viajou. Ele me ajudou a entender por que eu estava triste em determinados trabalhos.

A montagem anterior da peça "Morte Acidental...", durante a Ditadura, tinha um tempero político. E hoje?
A montagem do Fagundes tinha um momento que ele dizia: "Esse governo" e o público completava: "Filho da puta!". Para politizar sem partidarizar, peço à plateia falar algumas frases de juiz, quando o personagem louco vai se passar por um juiz, e eu uso essas frases. E vem de um tudo. Na plateia de sexta teve "Chora, Garotinho!", a segunda foi "Entra na ambulância" e teve "Ladrão desde Cabral". De alguma maneira, eu sou a voz da plateia conversando com o poder. Eu uso muito a plateia

Quantos assessores você tem?
Nunca tive na vida. Nunca tive agente, nunca tive nada. Eu não tenho secretária, meu escritório é uma casinha aqui na Vila Madalena.

Faz parte da sua discrição?
Eu sou discreto com tudo. Eu não compartilho da ideia de que é necessário tudo se compartilhar. Eu acho uma ilusão de proximidade e de contato. Às vezes é só uma histeria da sua vaidade.

Tem convites e vontade de fazer TV?
Há convites, né? No plural. Sou todo plural, meu amor.

E há vontade?
Vontade vontade... Há sim. Eu queria muito fazer algo que tenha minha cara, em que eu tenha uma participação. Parece que vai rolar. Só não digo porque ainda

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