Hallie Meyers-Shyer passou a infância brincando entre trailers, gruas e câmeras. Fazia participações nos filmes dos pais, o casal de diretores e roteiristas Nancy Meyers e Charles Shyer, responsáveis por, entre outros, "O Pai da Noiva" (1991) e "A Recruta Benjamin" (1980). Já adolescente, trocou as brincadeiras pela calmaria das cadeiras atrás dos monitores do set, observando sua mãe -já separada de Shyer- conduzir comédias românticas como "Alguém Tem Que Ceder" (2003) e "O Amor Não Tira Férias" (2006).

"Eu me sinto em casa nos sets de filmagens. Quando vejo caminhões e trailers, tenho memórias de infância", diz Hallie. Aos 30 anos, agora ela passa a construir novas lembranças ao lançar "De Volta para Casa", seu primeiro filme como diretora e roteirista, que estreia no Brasil em 10 de outubro.

Puxou à mamãe

Ao contrário de outros filhos de cineastas famosos (Jason Reitman, Sofia Coppola), que tentam escapar da força gravitacional dos pais ao trabalhar em outros gêneros, Hallie se jogou de cabeça na comédia romântica aspiracional da família Meyers: Reese Witherspoon faz uma mulher de 40 anos recém-separada que hospeda três jovens e se envolve com um deles.

	Acervo Pessoal
	Diretora, produtora e roteirista Nancy Meyers.

"É o gênero que mais gosto", admite. "Não me sentiria à vontade fazendo um filme de horror ou de super-heróis."

Além disso, ela contou com a ajuda da mãe na produção. Nancy sugeriu mudanças no roteiro em "De Volta para Casa". "Foi bom ter alguém para abraçar", diz a filha, que decidiu fazer um primeiro filme sobre uma mulher mais velha em crise e não sobre sua geração.

"Não queria escrever meu primeiro longa sobre millennials ou Tinder, coisas que as pessoas esquecem um ano depois", admite. "Isso seria muito trivial. Temas sobre divórcio e dinâmica familiar são importantes e atemporais."

	Reprodução/Instagram
	Da esquerda para a direita, Hallie Meyers-Shyer, Reese Witherspoon e Nancy Meyers.

Mas são temas em baixa em Hollywood no momento. Produtores fogem das comédias românticas, mesmo sendo relativamente baratas. "De Volta para Casa" custou apenas US$ 12 milhões, mas só rendeu US$ 11 milhões em 10 dias de exibição nos Estados Unidos. Não é um fracasso, mas não chega a animar a caixa registradora.

"Honestamente, existem tantas plataformas para entreter as pessoas que o cinema precisa oferecer algo que não possa ser encontrado em outros lugares, um produto extraordinário", acredita Nancy Meyers, a mãe.

"Os grandes estúdios não querem filmes solitários. Querem o próximo Harry Potter e refilmagens", reclama Hallie Meyers-Shyer, aprendendo mais uma lição no cinema.

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