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Serafina

Artista italiano cria obras surrealistas com tradicionais azulejos portugueses

João Pina
O artista italiano Luca Colapietro em seu estúdio em Lisboa, Portugal.
O artista italiano Luca Colapietro em seu estúdio em Lisboa, Portugal.
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Uma raposa de olhar misterioso contempla os turistas que passeiam pelas ruazinhas de pedra de Alfama, um dos bairros mais charmosos de Lisboa. Ela flutua de pernas cruzadas, cercada por pequenas aves, num desenho feito em azulejos num edifício antigo. De vez em quando, pessoas se aglomeram para tirar selfies com o animal místico.

Faz algum tempo, a capital portuguesa deixou de lado a pecha de conservadora e hoje vibra com uma cena cultural e curiosas intervenções urbanas, entre elas as criaturas hipnotizantes do projeto Surrealejos.
O criador é o artista italiano Luca Colapietro, 35, que saiu do mundo da publicidade em Milão para se abrigar num pequeno estúdio no bairro lisboeta da Graça, há três anos.

"Quando me mudei, comecei a reparar nos azulejos da cidade. Estão por toda parte, às vezes em prédios inteiros. Eu me apaixonei, achei muito 'fixe'", contou num português levemente macarrônico, mas usando a gíria dos locais para "legal". "Pensei que poderia fazer a minha interpretação da azulejaria e trazer um pouco de surrealismo."

Seu estúdio fica no topo de uma ladeira de paralelepípedos, passagem de um bondinho amarelo cartão postal de Lisboa. Lá, ele vende seus azulejos e outras criações, como pratos, quadros e mesas, todos decorados com seu reino animal surreal, como a raposa famosa, flamingos com corpo de algodão doce, pandas circenses e elefantes voadores.

"Os flamingos vieram de uma viagem que fiz ao México, à ilha de Holbox. Eu dormia na praia e acordava para ver um monte de flamingos na água", lembra. "Todos os meus animais têm um coração na testa, é meu amor por eles. Os animais são os proprietários deste planeta, não somos nós."

Além da loja e das intervenções urbanas, Luca também faz projetos de decoração, como cozinhas e banheiros. É só mandar as medidas que ele desenha alguns layouts ao gosto do freguês, enumera os azulejos e manda por correio.

Sardinhas

A raposa de Alfama, que desde 2016 habita a rua São Pedro, 11, foi criada como parte do festival de arte de rua Paratíssima, do qual Luca acabou um dos vencedores. O evento volta à cidade neste verão. Ele também tem outros murais em Lisboa, como no Cais do Sodré e no Largo Portas do Sol, além de intervenções em Turim, Paris, Londres e Malta.

No começo, Luca tinha receio de como os portugueses reagiriam. Entre seus primeiros azulejos, está uma mandala feita de "sardinhas elétricas" com o corpo de um bondinho. "Afinal, sou um italiano mexendo na tradição deles", diz. "Mas o retorno foi muito positivo. Vendia em feiras e dava para ver a reação das pessoas."

O sangue de artista corre na família, que vem de Bari, no litoral sul da Itália. Seu pai e seu avô são artesãos, e Luca passou alguns verões na infância aprendendo a fazer janelas e portas. Uma mesa de ferro e madeira, decorada com azulejos de sardinhas e à venda por 630 euros (cerca de R$ 2.500), foi feita em parceria com o pai.

Foi também em Bari que ele se achou como artista, grafitando as ruas quando adolescente e criando obras políticas contra a máfia local. Quando encontra amigos daquela época, ainda pega nas latas de spray. Mas seu sonho hoje é conseguir uma autorização, e fundos, para decorar de azulejos uma estação inteira de metrô de Lisboa. "Seria muito fixe!"

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