Serafina
A visão de Marcelo Coelho para 2028
Renato Machado | ||
Ilustração de Renato Machado para o especial "Perspectiva para o futuro" da Serafina. |
Sem senhas nem costureiras
Penso antes nas coisas que vão desaparecer do que nas que irão surgir. Água mineral em garrafas de plástico. Chaves e fechaduras. Senhas. Fios, tomadas, carregadores: acredito que a luz solar possa dar conta.
Pichações, bullying, assédio sexual haverão de diminuir, com câmeras dentro de salas de aula e em toda parte. Cadeias irão aumentar, a menos que a punição por banimento eletrônico e tratamento químico se generalize.
Numeração de roupas e sapatos. Nunca funcionou perfeitamente, aliás. Com biometria e impressão em 3-D, sua roupa chega sem ajustes.
Costureiras, motoristas de táxi, funcionários de caixa, balconistas: os empregos no setor de serviços conhecerão o mesmo declínio experimentado no mundo industrial. Sobrarão os entregadores, não acredito que de bicicletas.
Difícil imaginar o desaparecimento das forças armadas tradicionais em tão curto prazo. Mas a guerra eletrônica (penso em hackers causando de apagões a acidentes nucleares) avançará.
O triunfo final da ciência sobre a religião dependerá, mais e mais, da China.
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Marcelo Coelho é mestre em sociologia pela USP e membro do Conselho Editorial da Folha
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