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08/11/2012 - 03h10

Em Bagnone, castelo-hotel aproxima hóspede da arte

DO ENVIADO À TOSCANA

Ao norte de Carrara, já na fronteira com a Ligúria, fica a zona historicamente conhecida como Lunigiana. Trata-se, essencialmente, de uma área de passagem circundada por montanhas.

Propriedades rurais se abrem ao turista
Boa mesa toscana esbanja azeites, queijos e até trufas

Ao norte, o caminho para o Piemonte e, em seguida, a França e o resto da Europa. Ao sul, Roma e os mares que levam ao Oriente. Disputada por todas as potências, a área se tornou profícua em castelos e fortificações. Na Idade Média, eram mais de 160. Sobraram uns 30 em razoável estado de conservação.

Mas não foram apenas castelos que proliferaram. Veio com eles a chamada economia de estrada, isto é, estalagens, restaurantes e, principalmente, pessoas com os mais diversos backgrounds trocando ideias e informações. E é basicamente esse o segredo da Toscana. O turbilhão de gente circulando e precisando de serviços acabou favorecendo a boa mesa e o Renascimento.

No que foi um dos momentos mais estranhos da viagem, hospedamo-nos em Dimore del Terziere, em Bagnone, um hotelzinho no burgo em torno do Castiglione del Terziere, uma imponente edificação do século 15.

Aliás, cuidado quando pousar em castelos. Lembre-se de que eles foram propositalmente construídos em lugares altos e de difícil acesso e que isso pode transformar-se numa dificuldade dependendo do volume de bagagem que você carrega. Na Itália, como na maioria do mundo industrializado, carregadores de malas são uma raridade.

Para sermos rigorosos, esse tipo de acomodação raramente é confortável. A aventura vale mais pelo que imaginamos ao dormir em aposentos de centenas de anos. De novo, o poder das ilusões.

Voltando a Terziere, os quartos foram reformados pela historiadora da arte Raffaela Paoletti, que é mulher de Loris Jacopo Bononi, um personagem felliniano.

Hélio Schwartsman/Folhapress
Vista do burgo de Bagnone, na região italiana da Toscana
Vista do burgo de Bagnone, na região italiana da Lunigiana, que fica na fronteira com a Ligúria

Médico, farmacologista, professor e poeta, como todo bom polímata renascentista, Loris fez fortuna na indústria farmacêutica e decidiu comprar e reformar o castelo para transformá-lo num centro de cultura da Lunigiana. Cada peça do castelo é uma obra de arte. A biblioteca, especializada em Dante, desfila todo tipo de raridade.

Nada, porém, supera o professor. Loquaz, desbocado, flertando com qualquer mulher que passe à sua frente, não hesita em dizer coisas como "Odeio turistas", o que não parece muito prudente para um dono de hotel. Ele também diz coisas muito interessantes sobre políticos e mulheres, mas receio que elas não sejam publicáveis.

Os que gostam de romantismo devem cutucar tanto Raffaela como Loris (de preferência separados) para contarem como se conheceram. Basicamente, ela chegou com seu então noivo como uma turista. Saiu casada com o professor, que é cerca de 40 anos mais velho, e com um autêntico Rubens como presente de casamento. Isso foi há quase 30 anos.
(HÉLIO SCHWARTSMAN)

 

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