Descrição de chapéu The New York Times

Desejo por ar condicionado pode aquecer ainda mais o planeta Terra

No ritmo atual, em 2050, aparelhos de todo o mundo consumirão mais eletricidade que a China

Kendra Pierre-Louis
Nova York | The New York Times

Mais do que os grilos e os vagalumes, o beisebol e os churrascos, o som mais característico da chegada do verão aos EUA é o do o sibilar discreto dos condicionadores de ar.

Mas, se outros países passarem a amar o ar condicionado tanto quanto os EUA amam, a eletricidade usada para acionar os aparelhos poderá sobrecarregar as redes elétricas e elevar as emissões de poluentes causadores do aquecimento global.

O número de condicionadores de ar em funcionamento deve subir do 1,6 bilhão de unidades atuais para 5,6 bilhões até a metade do século, segundo relatório publicado nesta semana pela Agência Internacional de Energia (IEA).

Especialistas estimam que haja cada vez mais vendas de aparelhos de ar condicionado em países como China e Índia
Especialistas estimam que haja cada vez mais vendas de aparelhos de ar condicionado em países como China e Índia - Wilson Chu/Reuters

Se esse ritmo de expansão não for moderado, em 2050 os condicionadores de ar do planeta consumirão eletricidade semelhante à que a China consome hoje para todas suas atividades.

As emissões de gases do efeito estufa pelas usinas de energia acionadas por gás natural e carvão praticamente dobrariam, de 1,25 bilhão de toneladas em 2016 a 2,28 bilhões de toneladas em 2050, segundo o relatório. Essas emissões contribuiriam para o aquecimento global, e isso estimularia ainda mais a demanda por condicionadores de ar.

Hoje, os condicionadores de ar têm presença concentrada em alguns poucos países, especialmente os EUA e o Japão. Nos EUA, 90% dos domicílios estão equipados com ar-condicionado.

À medida que a renda dos países nessas regiões vier a crescer, mais gente instalará condicionadores de ar em suas casas. A agência prevê que boa parte da expansão no uso de condicionadores de ar acontecerá na Índia, China e Indonésia.

Especialistas dizem que a solução não está em convencer países a abrir mão dos condicionadores de ar, mas, sim, em criar aparelhos com maior eficiência energética.

Tradução de Paulo Migliacci

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