Chanceler diz que governo não recebeu reações de doadores a mudanças no Fundo Amazônia

Ernesto Araújo diz que espera manter cooperação com Noruega e Alemanha e que política ambiental do governo é retratada de forma 'distorcida'

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Brasília

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quarta-feira (29) que a Noruega e a Alemanha ainda não manifestaram "nenhuma reação" à proposta do governo brasileiro de mudar as regras do Fundo Amazônia.

"Ainda não tivemos nenhuma reação por parte desses governos em relação a isso, ao menos nada que tenha chegado oficialmente ao nosso conhecimento", disse Araújo, que participou nesta quarta (29) de uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. 

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defende a redução do número de membros do conselho do fundo e que os recursos doados possam ser utilizados para indenizar produtores rurais. 

O chanceler disse ainda esperar que a Noruega e a Alemanha —os dois maiores financiadores do fundo— permaneçam na iniciativa. "Espero que a gente possa manter essa cooperação com Noruega e Alemanha, que tem sido muito produtiva", afirmou Araújo.  

Nesta segunda-feira (27), os embaixadores da Noruega, Nils Martin Gunneng, e da Alemanha, Georg Witschel, participaram de uma reunião no Palácio do Planalto com Salles e com o ministro Secretaria de Governo, general Alberto dos Santos Cruz, para tratar do fundo. 

Além de possíveis mudanças nas regras do Fundo Amazônia, os governos norueguês e alemão foram pegos de surpresa por declarações de Salles na semana passada, quando o ministro disse que foram identificadas irregularidades no fundo. 

 

Os países doadores, contudo, não concordaram com a fala e se mostraram seguros da governança atual. Também disseram que, ao contrário do que Salles disse, não estavam cientes da análise que requeria mudanças.

A Noruega já repassou mais de R$ 3 bilhões ao fundo, enquanto que a Alemanha doou R$ 192 milhões. 

Ernesto Araújo confirmou ainda que o ministério das Relações Exteriores apoia integralmente as mudanças no Fundo Amazônia defendidas por Salles.

"A gente sempre se coordena muito com o ministro Salles, estou inteiramente de acordo com o enfoque dele. Não temos nenhuma diferença em nenhum enfoque, estamos prontos a ajudar na medida do possível a implementar as visões do ministro de política ambiental", declarou. 

O chanceler argumentou ainda que, muitas vezes, a política ambiental do governo Jair Bolsonaro é retratada de forma "distorcida", o que tem criado "problemas de imagem" para o Brasil no exterior.

"Não é a agenda ambiental propriamente que tem criado problemas de imagem, é a maneira como ela é relatada, sobretudo na imprensa internacional. Muitas vezes de maneira muito distorcida", disse Araújo.

"Eu ouvi isso nos contatos que eu já fiz, de pessoas bem formadas, mas que têm ideias completamente errôneas do que é a nossa política ambiental. Eu acho que é questão de ter novos canais, como estamos procurando criar, e sempre em coordenação com o Ministério do Meio Ambiente, para mostrar a realidade da nossa política ambiental, e também o caráter sustentável da nossa agricultura", concluiu o ministro.

Ele também comentou a decisão de uma delegação brasileira de abandonar, nesta semana, uma reunião da Conferência de Desarmamento da ONU (Organização das Nações Unidas), uma vez que a presidência da entidade foi assumida por um representante do ditador Nicolás Maduro. O mesmo gesto foi feito pela delegação dos Estados Unidos e por outros países do Grupo de Lima. 

"Esse é um esforço que temos feito e acho que contribui para essa marcha da Venezuela que, como eu sempre digo, é irreversível. É parte do nosso esforço diplomático, isso tem dado visibilidade ao tema da Venezuela nos organismos internacionais. É uma coisa rara de se fazer, então tem um impacto muito grande, e a gente quer que tenha", disse o chanceler. 

De acordo com ele, o objetivo da ação é reforçar o caráter "ilegítimo" do regime Maduro e fortalecer a posição do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. 

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