Quase toda a população mundial respira ar poluído, segundo a OMS

A entidade destaca a necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis para evitar problemas de saúde futuros

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Agnès Pedrero
Genebra | AFP

Quase toda a população mundial (99%) respira ar poluído que faz mal à saúde, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade destaca a necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis.

Essas conclusões são o resultado de uma combinação de dados coletados por milhares de cidades, explicou à imprensa Sophie Gumy, do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS.

No relatório, a OMS indica que um número recorde de mais de 6.000 áreas urbanas em 117 países monitoram atualmente a qualidade do ar. Isso representa "cerca de 80% da população urbana do mundo", segundo Gumy.

Prédios de Jacarta, na Indonésia, são parcialmente cobertos pela camada de poluição do ar
Prédios de Jacarta, na Indonésia, são parcialmente cobertos pela camada de poluição do ar - Bay Ismoyo - 30.mar.22/AFP

No entanto, esses habitantes respiram níveis perigosos de partículas finas e dióxido de nitrogênio, e os mais expostos são as populações que vivem em países de baixa e média renda.

"Tendo sobrevivido a uma pandemia, é inaceitável continuar com 7 milhões de mortes evitáveis e perder incontáveis anos de boa saúde devido à poluição do ar", lamenta Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente da OMS.

"Há mais investimentos dedicados a um ambiente poluído do que a um ambiente de ar limpo e saudável", assegura Neira.

A maioria das medidas referidas no relatório foi tomada entre 2010 e 2019, antes da pandemia de Covid-19, que teve impacto nos transportes e em vários setores econômicos e industriais poluentes.

Para a OMS, as conclusões do relatório revelam a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis e a adoção de outras medidas concretas para reduzir os níveis de poluição do ar.

Partículas

"As preocupações atuais com a energia destacam a importância de acelerar a transição para sistemas de energia mais limpos e saudáveis", ressalta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.

"Os preços crescentes dos combustíveis fósseis, a segurança energética e a urgência de enfrentar os dois desafios de saúde —poluição do ar e mudanças climáticas— ressaltam a necessidade urgente de fazer progressos mais rápidos em direção a um mundo muito menos dependente de combustíveis fósseis", indica.

Dados atualizados do Banco de Dados de Qualidade do Ar da OMS apresentam pela primeira vez medições terrestres das concentrações médias anuais de dióxido de nitrogênio (NO2), um poluente urbano comum e precursor das partículas e do ozônio.

Cerca de 4.000 locais em 74 países coletam dados sobre o dióxido de nitrogênio no solo. Apenas um quarto dos habitantes desses locais respiram concentrações médias anuais de dióxido de nitrogênio de acordo com as diretrizes da OMS.

O dióxido de nitrogênio está associado a doenças respiratórias, principalmente asma, e gera sintomas respiratórios (como tosse, falta de ar etc.) que podem levar a internações.

Nos 117 países que fazem o monitoramento, a OMS constata que a qualidade do ar de 17% das cidades de alta renda está abaixo das diretrizes da OMS.

Em países de baixa renda, a qualidade do ar em menos de 1% das cidades atende aos limites recomendados pela OMS.

As partículas são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e na circulação sanguínea, causando problemas cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórios.

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